quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Talvez...


Mais um ano que passa, e peço desculpa por te continuar a trazer comigo todos os dias…na carteira trago um postal que um amigo me ofereceu com um dedicatória, no coração trago a amor que já não dedico…na minha cómoda tenho a tua fotografia por ali meio perdida, mas é para ela que vou olhar quando a saudade me encontra…na alma trago a desilusão, mas na mão tenho a esperança bem apertada para não a deixar ir, também, escapando pelos dedos…no sorriso trago a simplicidade, no olhar a cumplicidade…neste momento não te diria uma palavra…bastava que me olhasses…
No dia em que tomar coragem, ou, talvez, no dia que te abandonar a qualquer esquina…e deixares de ser a sombra dos meus passos, talvez, escreva tudo aquilo que foste para mim e que não soubeste ser…
Mais uma vez peço desculpa, sabendo de que nada tenho culpa, senão de te amar…mas tudo isto não passa de um “talvez”, vai na volta, talvez não seja preciso escreve-lo, talvez um dia, ainda, te o possa segredar ao ouvido…Talvez…


HEsteves

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

2010 já foi...

Mais um ano que acaba
Sem pretensão de olhar para trás
Foi um ano de mágoa
Mas até à morte tudo se faz

Se errar é aprender
Então eu aprendi,
Fartei-me de sofrer
Mas dou graças ao que sofri…

Parti o coração
Ao Diabo vendi a alma,
Mas os Anjos estenderam-me a mão
Não me deixaram perder a calma


Nos olhos viveu a tristeza
Os lábios sorriram sem vontade,
Mas de uma coisa tenho a certeza,
Não perdi a dignidade…


E para terminar, vos quero dizer:
Eu não sou escritora
Versos não sei escrever,
Sou apenas uma senhora
Que continuará a viver…


HEsteves

( Boa entrada em 2011 é os votos para os meus leitores)

sábado, 25 de dezembro de 2010

"Hoje é noite de natal. É hoje que vou descobrir o que o pai me comprou, não estou mesmo a ver o que será, talvez um telémovel novo, desde aquela queda nas escadas que o meu anda meio maluco.
Hoje o avô e a avó vêm cá jantar como já é tradição. A ceia natalícia vai ser bacalhau dourado , eu e o pai vamos prepara-lo juntos, porque como sabes se o deixar sozinho na cozinha as coisas correm mal.
Escrevo-te hoje especialmente, porque este e o dia do teu aniversário é quando me lembro mais de ti e de como eramos os três tão felizes. Nem imaginas a tristeza que sinto quando vejo todos os dias a tua cadeira vazia e me lembro daquele maldito dia, o dia em que te foste embora, naquela carruagem mágica para um sítio onde ninguém sabe onde fica. Fazes-me mesmo falta. Do que mais sinto saudades é dos teus beijinhos de boa noite, calorosos e meigos tal como tu eras.
O pai, o teu cavaleiro andante como lhe gostavas de chamar, anda mesmo em baixo, ontem adormeceu no sofá ao calor da braseira agarrado a uma foto emoldurada que tiraram no dia do vosso casamento. Nunca sei o que lhe dizer nessas alturas, tenho medo de dizer alguma coisa que o possa magoar ainda mais.
Ainda tenho muitas novidades para te contar, agora com os testes não tenho tido o hábito de te escrever todos os serões, mas como sabes por vezes não consigo consiliar, e eu tenho a certeza que tu me perdoas, afinal é por uma boa causa.Por falar em testes as minhas notas foram boas, um dia ainda vou ser médica como tu querias que eu fosse . Ainda te lembras de quando tinha para ai uns seis anos e o meu sonho era ser empregada de mesa porcausa das grojetas? Tu e o pai brincavam comigo, eu tinha que vos servir como se fossem os clientes VIP. Belos tempos.
Tenho tantas saudades. Acho que quando te foste embora levaste o verdadeiro eu contigo, já não sou a mesma pessoa . Todos me dizem o mesmo. Talvez seja verdade. Este mundo cruel, fez-me cruel. Mas há uma coisa que eu não percebo,nem nunca percebi.Porque a nós?!Porque a nossa família? Nós nunca fizemos mal a ninguem até pelo contrário! É injusto porque os bons vão se embora sempre primero. E tu para mim, e para muita gente eras e serás sempre a melhor pessoa do mundo.
Agora tenho de ir, o pai já me está a chamar, deve querer que o ajude a lavar a loiça.
Espero que tenhas um bom natal. Não estás connosco em presença mas haverás de estar sempre cá dentro. Porque como já sabes , a tua casa é o meu coração.
Amo-te, mulher de nome difícil."

Pedro Carapeto


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O TUDO é o NADA


A vida é feita de pequenos “nadas”.

Quando em certos momentos nos questionam “ O que tens hoje?” a nossa resposta é quase sempre a mesma, “Nada!”…Somos tão mentirosos! Aquele “nada”, que pronunciamos num acto despreocupado é sempre qualquer coisa…o facto é que nem sempre queremos admitir que o que não nos é nada, possa ser o tudo…
Assim vivemos numa constante fantasia…e somos o trovão sem raio, o dilúvio sem vento, a noite sem lua, o verão sem calor, o mar sem ondas, o palhaço sem as risadas…somos a história da Cinderela sem o sapato de cristal, o Peter Pan sem a Sininho, o Robin dos Bosques sem os pobres, a Rainha Isabel sem as Rosas, o D. Sebastião sem o nevoeiro, somos o presépio sem o menino Jesus…Somos tudo isso, sem ser nada…
E muitas vezes o que somos de verdade, é o sorriso sem a felicidade…




HEsteves

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


Ele ficou sozinho, ela aproveitou para o olhar…olhava-o de longe, discretamente. Ele sabia que ela o olhava…e ali estava com um sorriso de alegria infantil e nos olhos uma penumbra de tristeza…tentou distrair-se e quebrar o flagelo brincando com um objecto, objecto que ela lhe oferecera em tempos…porém não se atreveu a desviar o olhos na sua direcção, pois sabia que se o fizesse, estes diriam muito mais que um simples “boa noite”…

HEsteves

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Borracha e Corrector...


Sei que não te poderei acompanhar no teu sonho…nunca estive à altura das tuas fantasias… Nunca estive longe o suficiente para te fazer sentir saudades; nunca precisaste dedicar-me músicas com declarações de amor; nunca foi preciso apresentar-me aos teus “amigos”, nunca tiveste de ensinar-me os caminhos e os recantos mais bonitos da tua terra, eu conhecia-os tão bem quanto tu … Nunca tiveste que me abrigar no calor dos teus lençóis, nunca tive que viver contigo na ilusão da felicidade…
Muitas vezes discordei das linhas tortas que me desenhavas e tentei apaga-las como borracha e lápis… à medida que ia apagando, a borracha ia ficando mais pequena, mas não desmoralizei, achando que deixarias de desenhar curvas e contra-curvas…Até ao dia que tu rabiscaste a caneta, e não consegui apagar o traço que delineaste…tal como não consigo apagar a dor que traçaste no meu coração…e foi ai que me fizeste compreender o quanto imperfeito ele é …funcionando como uma antítese…mesmo morto continua a impulsionar o sangue, mesmo amando e idolatrando é desapaixonado e apático…Difícil de entender, eu sei…
O que não é difícil de perceber, é que se eu soubesse, teria trocado a borracha por um corrector…Eu já não posso voltar atrás, mas tu ainda podes mudar… corre à papelaria e oferece um á pessoa que partilha os teus desenhos contigo…
Poupa-lhe o sofrimento!


HEsteves

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

"Tu, Meu"

Aqui deixo algumas passagens do livro, "Tu, Meu":
" Que vale o meu solo face ao vosso coro."
" O peixe só é peixe quando está no barco. É um engano gritar que o apanhaste mal morde e sentes o peso dele a vibrar na mão com que aguentas a linha.O peixe só é peixe quando está a bordo. Deves puxa-lo para fora do fundo, com um movimento suave e regular, agil e sem sacões. Senão perde-lo."
"(...) tinha compreendido que naquela rapariga havia uma desolação impenetrável, que não deixava ao amor mais que a evasão de um sorriso."
" Nada (...), podias dizer esta palavra escavando-a de dentro da impotência, do terror- nada, há nadas que nunca mais nos largam. Cada vez que ouço dizer a palavra nada, sinto que não é uma palavra verdadeira, que não a sabem dizer."
" Eu nem o mar entendo. Não sei porque é que um barco fica à tona, porque é que o vento e a borrascafazem ondas no mar e poeira em terra. Vivo do mar e nasci nele e não o entendo. E afinal o que é ele? É só mar, água e sal, mas é fundo, mesmo fundo."
" Queria tentar estar perto de ti. Quero crer que é possivel, mesmo que não por agora, mesmo que seja de longe. Sinto a necessidade de esperar por alguém que não se pareça com mais ninguém e tu és assim(...)"
" (...) Depois de mortos somos todos iguais, mesmo os inimigos morrem a pedir ajuda. (...)"
Erri De Luca in " Tu, Meu"

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O choro dos Anjos


Os Anjos, hoje, devem estar tristes por demais. Choram, choram muito…O som das suas lágrimas ultrapassam as imponentes paredes e fazem-se ouvir. As gotas embatem na calçada já lavada e fria da rua.
Foi, então, que parei e perguntei:
- Oh Anjo, porque choram tanto?
Ele do cimo das suas assas, vestido com um manto dourado, de cabelos pretos encaracolados e com os seus olhos azuis cintilantes, respondeu:
- Choro por ti!
- Choras por mim?
- Sim, choro! E tu também já choraste hoje! Porque choraste?
Fiquei a olhá-lo, encantada com todo o seu brilho, enlaçada pela sua calma e tranquilidade com que ele envolvia o momento. Passado alguns minutos, deixara-se de escutar as lágrimas que caiam na rua, ouvia-se o silêncio, parecia que todos queriam saber o motivo da chuva nos meus olhos. Eu respondi:
- Choro porque amo…
- Então choras pela mesma razão que nós! O mundo está a perder o coração…
- Não é só o mundo, eu também…
Ele sorriu-me, passou-me com a sua mão, tão leve e macia como uma pluma das suas assas, pelo rosto, quase não a senti, mas deixou uma boa sensação, e disse-me:
- Choro por ti, mas, ainda, mais por aquele que cegou e não vê o amor que lhe tens, deixando não só o seu, mas também o teu coração sem saber se bate ou se apenas palpita!
- E o que é que eu faço?
- Continua a amar…se todo o amor fosse tão sincero e genuíno como o teu, nós não chorávamos tanto…
Desapareceu num clarão de luz e brilhos, e voltou-se a ouvir a chuva lá fora…


HEsteves

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O que significa odiar?


A lua escondeu-se por detrás de farrapos de nuvens, o céu ficou cinzento e melancólico.
Se de facto existe o inferno, era ele que estava ali naquele momento…apoderando-se do céu e da terra, interferindo na vida e comandando o coração dos habitantes do globo.
A mulher batia-lhe contra o peito com as mãos fechadas, num choro sufocante e de coração desfeito, gritando-lhe:
-“Eu odeio-te, eu odeio-te!”
O homem tão descompensado quanto ela, agarrou-a pelos braços, e, inconscientemente, deu-lhe um abanão ao mesmo tempo que lhe perguntou:
- “Porque me odeias tanto?”
- “Porque não te posso amar! O amor abre mão…Deixa-te voar…o ódio amarra, prende-te, suporta as adversidades…e eu não te quero perder!!!”
Depois disto, o homem largou-a, virou-lhe as costas, passou com a mão pela cabeça, ouviu-se o silêncio, o vento assobiou por entre as ruas estreitas, quebrando a cólera…
E subitamente, ele virou-se para ela, voltou a agarra-la, olhou-a nos olhos e balbuciou:
- “ Então, odeia-me, ainda, mais…”

A lua que já espreitava, voltou a esconder-se, foi então que caiu uma estrela cadente, ela olhou para ele e disse:

- “Sabes qual foi o meu desejo?”

- “Qual?”

- “Que tenha força para te odiar cada vez mais e que tenha robustez para amar aquela que se deita a teu lado!”



HEsteves

sábado, 20 de novembro de 2010

Já fui...Sou...Serei...


Já fui a miúda ingénua, a menina tímida, a mulher coragem, a amiga sensível, a confidente de todas as horas, a namorada fiel, a gaiata descarada, a colega incansável, a camarada estarola, a senhora das causa…já fui…
Já fui aquela que sorriu, que lutou, que sonhou, que venceu, que perdeu, que abraçou, que pediu aquele abraço, que não ouviu, que errou, que rezou, que ambicionou, que desistiu, que discutiu, que perdoou, que pediu desculpa, que chorou, que secou aquela lágrima, que ouviu, que temeu…já fui aquela que falou demais, que disse o que não sentia, que se arrependeu, que se atrasou, que deu carinho, que esteve lá naquele momento, que caiu, que se apaixonou, que amou, que se desiludiu, que aprendeu, que cresceu…
- E o que todas estas mulheres têm em comum?
- Um nome! E todas elas amaram o mesmo homem…
- E a mulher de hoje?
Encolhi os ombros, esbocei um sorriso e pisquei o olho…


HEsteves

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

No dia que morreres...


As pessoas estavam vestidas de cores escuras e pesadas, ali passivas e inertes… as lágrimas deslizavam pelos rostos abatidos, e por entre as sepulturas e a tristeza ecoava a voz que gritava: “eu amava-o tanto…”
A mulher perdera o companheiro de uma vida, via agora os primeiros grãos de terra taparem-lhe o caixão, teria de aprender a viver com a ausência, ausência além de um corpo…
Perde-se muito mais que um contacto físico…perde-se a força, a alma, a vontade de viver sem aquele ombro e aquele abraço…restando apenas a memória, a memória de como tudo era quando estavam juntos…
Se o destino um dia te quiser levar na minha frente, deixo-te aqui a certeza que eu serei mais uma pessoa ali por entre as sepulturas, não darei um único gemido… as minhas lágrimas serão silenciosas como as de hoje…
Porém, onde quer que estejas e para onde quer que vás, guarda a verdade de que eu te “amava”…


HEsteves

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Cansa-me o teu Cansaço...


Movida pela curiosidade exploro territórios inimigos… longe de imaginar que a tua falta de imaginação mexesse tanto com o meu interior…
Quando não souberes o que lhe dizer, não lhe digas nada, apenas sorri e abraça-a…mas não lhe repitas as palavras que me dizias ao ouvido…não é que me doa só a mim, calculo que também lhe doa a ela…Mas ela não sabe, não é? Porque não lhe contas? Diz-lhe que não é a primeira a quem lhe sussurras essas mesmas palavras…Já imaginaste se eu voltasse a repetir a alguém, “ apetece-me encontrar-te novamente no meu caminho…”
Não consegues imaginar…e eu também não repetirei a ninguém, porque não quero voltar a viver uma história baseada na tua imagem e semelhança…
Para ser, que seja algo que valha de facto a pena...
HEsteves

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Como eu queria o que não quero...

Eu não quero um ano quando tenho um dia…
Eu não quero uma hora quando tenho um minuto…
Eu não quero um palácio quando tenho uma casa…
Eu não quero um pão quando tenho uma migalha…
Eu não quero uma noite quando tenho um sonho…
Eu não quero um aquecedor quando tenho um cobertor…
Eu não quero nada que o destino não me possa dar…
A única coisa que eu queria, era ser como tu…amar e perder-me nos braços de outro, “lavado” nos corpos suados, e por partida do destino, olhar para ti nos olhos e, tão descontraidamente, dizer-te, como tu fizeste, “ Quem te disse que eu já te esqueci?”

Eu não quero esquecer quando posso perdoar…


HEsteves

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

domingo, 24 de outubro de 2010

Menina de sonhos


Menina a quem a sorte não tem sido pertinente, a quem o destino não tem sido amigável, a quem os sonhos não têm sido concretizáveis…
Largou o berço para viver a liberdade, mas continua pressa…pressa a encantos e desencantos, ilusões e desilusões… Não tem uma “arte” concreta, vive de incertos…Apaixonou-se pelo homem errado, deu-lhe o amor irrecuperável, fantasiou o inexistente…A carência leva-a a fortes amizades, tantas vezes promíscuas…
Menina a quem rotularam, a quem estigmatizaram… menina que se perde tantas vezes nos labirintos que as suas lágrimas traçam pela face…menina mulher, que mesmo sabendo que não tem nada…prefere continuar a sonhar…
Eu gostava de ser como ela, viver sonhando…


HEsteves

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Os raios de sol penetravam por entre os bordados do cortinado, tu ajoelhaste-te à minha cabeceira e sussurraste: “ Lena, enquanto dormes, vou ver televisão, mas tenho frio”. Abri-te a cama, dei-te o comando e virei-me para o outro lado. Passado algum tempo, senti as tuas mãos percorrerem-me os cabelos e o teu murmúrio: “Lena, já é tarde, acorda!” e foi então que acordei, que acordei verdadeiramente…
HEsteves

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Como o Arco-Íris perdeu a cor

"Como o arco-íris perdeu a cor,

os pássaros deixaram de cantar,

o mar secou,

as nuvens desvaneceram-se,

a lua perdeu o brilho

e o sol já não tem calor.

Quando se está triste

tudo perde o sentido,

tudo fica estranhamente diferente,

feio,

desolador.

Como o arco-íris perdeu a cor

todos perdemos algo ou alguém,

todos sofremos algum dia,

nos sentimos desprezados

e pensámos que o mundo estava contra nós,

que ninguém nos ama

e que não vale a pena entrar numa causa perdida

antes de ser começada.

Como o arco-íris perdeu a cor

nós cortámos a corda que nos prende a garganta

mas passado algum tempo sentimos falta do seu aperto,

do seu conforto desconfortante,

daquilo que ela representa para nós.

Quando o arco-íris perdeu a cor

perdeu o encanto, a magia, a alegria.

Vamos voltar a pintar o arco-íris porque ele assim não é feliz

não se destaca,

não vive,

não é ele próprio.

Vamos pintá-lo de todas as cores

para que voltemos a sorrir quando olharmos para ele,

quando os nossos olhos se reencontrarem com ele

e com a sua beleza.

Então, com cuidado, pega num pincel e pinta o teu Mundo da cor

que quiseres,

com cores alegres ou tristes,

bonitas ou feias,

mas lembra-te que a decisão é tua

porque no teu mundo niguém manda.

Ninguém."


Ana Rita Ramos


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Súplica


"Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada."

Miguel Torga

sábado, 9 de outubro de 2010

Quero estar "sem" ti...

Procuro a fé que se perdeu a cada noite, arrumei o terço a um canto, deixei de pedir que regressasses um dia, esqueci-me de sentir a tristeza da tua herança… foi-se sufocando a esperança que por entre assombros de alma gritava num tom suave mas constante.
Deixei de ouvir este grito aprazível, cai na solidão do silêncio, desacreditei nos sonhos e dei lugar ao cansaço atrofiante de cada dia. O corpo obedece à rotina que instalei, mas a alma, essa, foge, é insubmissa e insensata, e por suspiros e lágrimas secas, traz-te até mim…e porque vens tu? Deixa-te ficar lá na sombra do esquecimento! Quero descansar sem a tua imagem, dormir sem te sonhar, ser feliz com a melancolia que me deixaste…Dizem por aí que quando sonhamos com alguém é porque a pessoa adormeceu a pensar em nós…Será verdade? Se é, faz-me um favor. Não penses. Deixa-me estar sem ti.


HEsteves

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A dor das "Pétalas"...



Usava um vestido leve e esvoaçante, prendia o cabelo escuro com um travessão dourado, na mão levava uma frágil Margarida, e descia pela rua num ar tão sublime e descontraído que parecia caminhar sozinha pela calçada.
Sem mais nem menos “paralisou”, ficou como estátua. A sua visão alcançara algo. A rua parara, era como se não houvesse movimento à sua volta, os sons ecoaram, apenas se ouvia o bater descompensado do seu coração, tum-tum-tum-tum, o sol escondeu-se nas nuvens, o vento cortava o ar…alguém caminhava na sua direcção, olhou-a nos olhos e pronunciou: “ Eu gosto de ti”.
Ela deixou cair a flor no chão, não conseguiu balbuciar uma palavra…ele baixou-se, apanhou a flor, esticou-lhe o braço e repetiu: “ Eu gosto de ti”.
Ela respondeu-lhe: “ Tu serás, certamente, quem eu mais gosto”, pegou na flor e à medida que a desfolhava dizia: “ Mas preciso de respeito, amizade, admiração, sinceridade, carinho, fidelidade, amor… pois sem isto não seriamos nada, tal como a flor sem pétalas…A beleza está no conjunto e não num só…Não penses que podes suportar a felicidade só contigo, ou serás o mais infeliz de todos…”
Escorregou-lhe uma lágrima pela face, virou costas e correu…ele ficou ali, cheio de pétalas aos pés…


HEsteves

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O LEPROSO


"(…) A solução está em não haver solução. E esta forma divertida de aceitarmos que a vida seja como é, este modo sossegado de cooperarmos com o inevitável, significa para nós uma serenidade que é um tesouro sem preço.
Para os outros, somos somente a lembrança desagradável de que não passam, também eles, de leprosos adiados e de futuros cadáveres; de que, sem dúvida, não terão neste lugar o seu paraíso, por mais que façam crescer o saldo da sua conta bancária.
Somos um grito em forma humana, um aviso irrecusável, uma censura que inevitavelmente se aloja no fundo das consciências.
E, por isso, fomos empurrados para estas cavernas. O que, de resto, não nos incomoda demasiado, pois todo o planeta é, de certo modo, uma caverna. Lembramos perfeitamente a frase da mulher santa de Ávila, quando disse que esta vida não pode ser mais do que uma má noite numa má pousada.
Não querem cruzar-se connosco. Desejam abraçar sem perturbações a voragem alucinante do seu caminho de prazer e vaidade.
E viemos para estas cavernas. Os idosos foram expulsos das suas famílias e encerrados em “lares”. Planearam a eutanásia para se verem livres dos doentes. E abortaram aqueles que poderiam vir a nascer com deficiências. E muitos foram abandonados às suas dores na solidão de negros hospitais. E fizeram muitas outras coisas.
Mas, do fundo destes buracos, temos um segredo para lhes dizer.
Quando, num momento de lucidez, descobrirem que tudo é vazio, venham ter connosco. Quando não souberem como fazer dos filhos homens direitos, passeiem com eles por um cemitério, sentem-se com eles à beira de um doente que sorri no leito onde vai morrer, levem-nos aos lugares onde há crianças esfomeadas a brincar, descalças e alegres.
Sim, podemos contar-lhes o segredo da alegria, o segredo da bondade das coisas más, o segredo da plenitude que habita as coisas simples."


(Paulo Geraldo)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Dia Do IDOSO

“Se esta velha pedra visse
O que fomos aos vinte anos
Ais, amores, sonhos, desenganos
Talvez a pedra sorrisse

Mas, se tivesse olhos e olhasse
Os espectros que hoje somos
Tão diferentes do que fomos
Talvez a pedra chorasse.”


António Nobre


( Aos nossos mais velhos..." Não vemos as coisas como são, vemos as coisas como somos!Estimulemos o Envelhecimento Activo!!!Até porque também já tenho cabelinhos brancos;) )

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Não te esqueças...

Se queres ir, vai…
Se queres amar, ama…
Mas não te esqueças de lhe repetir ao ouvido várias vezes o teu nome completo, de lhe ensinares que os teus olhos mudam de cor com as estações do ano, que o teu olho direito tem uma mancha mais escura, sendo uma característica única, de lhe ensinares que tens um sinal na barriga da perna, que não és crente mas que ouves uma voz que te fala às vezes, que gostas da noite e de cores escuras e sombrias…
Não te esqueças de lhe falar mal de mim, mas também não te esqueças de lhe contar o quanto eu era tua amiga e gostava de ti…não te esqueças de a amar como eu te amei um dia…não te esqueças de ser feliz…

P.s- Não te esqueças do que me disseste uma noite: " As portas do meu coração estão sempre abertas para ti..." Tu, encostaste a porta, mas não te esqueças, que eu fui lá e fechei-a...
HEsteves

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Primeira Manhã

"Escorremos pela noite, na ânsia de nos encontrarmos, “de feitos” que se buscam. Exausta tentativa de transportar tudo para o patamar tangível do suor. O oscilar ondeandante das ancas que se apertam, arranham, chocam e voltam a apertar-se para reiniciar o processo. Nós de braços. Evitam-se as luzes explicitas. Olhos sempre nos olhos."
João Murillo

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Estica-me a mão...


Passaram cinco anos...No entanto faz-me sentir que nem um só dia estiveste ausente e tocas-me com o teu ar de miúdo descontraído e com o sorriso infantil e doce…Envolves-me na humildade das palavras e na coragem das “desculpas”, fechas os olhos e deixas-me guiar-te a sítios que não conheces, despontas em mim “ vontades” há muito perdidas…e embrulhados pelas estrelas cor de prata, no reflexo das águas frias com canções de rãs, partilhámos bocados de alma…


Alma que estremeceu quando, de todos os gestos, me deste a mão e a apertaste simplesmente.


Hoje, longe de imaginar, tenho saudades…



Anda!



Estica-me a mão…



HEsteves

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

" - Podem tratar-nos como animais mas nós somos mulheres, não somos selvagens"
Lesley Pearse, " Nunca me Esqueças"

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Os véus do nosso corpo...


Hoje pegava numa tesoura e cortava as linhas que sustêm o véu em que tantos de nós nos embrulhamos. Sinto o cansaço de termos que dar ponto sobre ponto, para que este tecido, na verdade tão árido, tenha o mesmo brilho da seda pura…


Ficarmos nus…


Sim! Nus!


Não, não pretendo chocar nem provocar ninguém, embora as mentalidades continuem a precisar de desafios de forma a poderem tornar-se menos mesquinhas e medíocres, mas hoje não é esse o meu intuito.


A nudez a que me refiro, vai no sentido de libertarmos o “bordado” que necessariamente temos que debruar, umas vezes a fio de ouro, outras a fio de prata, havendo também pontos a linha preta e nós cegos para rematar. E rematando, agora, o texto, fazendo um pouco de ironia, já nem sei quem é mais cego, se os nós, se nós, que raramente olhamos o quadro das “avessas”.



HEsteves

domingo, 12 de setembro de 2010

Reencontro de Almas

“(…) Querido e amado ser, quanto tempo sem te ver e sem te sentir. E longas conversas por acontecer, e agora, parece que o tempo se nos escapa, pela ansiedade de não termos tempo a mais, para exprimir e viver tudo o que só em segredo as nossas almas sabem.

Quem dera tudo saber para não mais parar no tempo sem cumprir o que traçamos por destino. Grande é o coração do mundo, que com suavidade faz os ponteiros do relógio do tempo, passarem por nós, a fim de cumprirmos o prometido.

Quem dera, a tua luz ter vindo antes, lá atrás, quando tudo ainda era tão ingénuo e incerto, para acertar o passo com o teu tempo biológico de forma a caminharmos juntos, sem ter de ser necessário este afastamento inconsciente.

Quem me dera, não ter esquecido a profundidade do teu olhar por tanto tempo; quem me dera, nunca me ter separado de ti tão fisicamente. És a parte de mim por completar.

Mas o prometido é devido, e eu, aqui, agora consciente do nosso reencontro, mais prazer não é possível sentir. O prazer da tua companhia amiga e doce, o prazer de estares, mesmo quando estás ausente, o prazer de fazeres parte da minha vida neste mundo.

(…)

Oh alma bendita, que da minha alma fazes parte, deixa o meu amor por ti fazer o trabalho, de te abrir as portas e janelas de possibilidades, para as tuas experiências cumprires, ainda que não sejas tão perto do meu ser. Porque agora eu sei, que sempre regressarás a mim.

(…) Deixa-me pegar-te na mão e o mundo correr para te mostrar o trabalho que fiz, enquanto por ti, inconscientemente, esperava. Eu sabia, eu tinha a certeza de que corria pelo tempo em tua direcção, eu sabia que me esperavas, eu tinha prometido reencontrar-te e reconhecer-te ao primeiro olhar e ao primeiro toque.

Deixa-me levar-te pelos corredores do tempo, e mostrar-te as minhas experiências vividas em nome do reencontro, deixa que te abra o grande portal, que é a passagem para a vida e te mostre, só o que é bom para a tua evolução.

Prometo, que se esta vida não chegar, outra e outra viverei apenas para te amar assim, sem nada por troca, apenas pela existência. Reencontrar-te-ei sempre em qualquer céu, em qualquer mundo, em qualquer vida, em qualquer eternidade, mas sempre, sempre com este amor pleno.”

Ana Paula Ivo

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Olhar os Olhares

Chegou discretamente pela multidão.




Vestia uma saia floreada em tons de azul, a blusa branca contrastando com a pele queimada, cabelo longo e escuro…Não tinha nada que a distinguisse, uma mulher à semelhança de tantas outras.




Sentou-se com as suas amigas e, prudentemente, observava todo o ambiente em redor. Por entre rostos e rostos, fixou-se apenas num corpo, corpo alto e esguio que deambulava de um lado para o outro, transmitindo a sensação de mal-estar, não estava bem em lado nenhum e parecia nem querer estar em lado algum, e ia para cá e para lá…




A certa altura esse corpo, talvez, tão impotente quanto a alma de muitos de nós, aguçou-lhe, ainda mais, o interesse quando num acto irreflectido se estagnou frente a esta mulher e a olhou por entre o copo de cerveja que levava aos lábios.




Ele olhou-a com um olhar de rancor e ela olhava-o com uma ponta de ironia, perceptível no seu sorriso, tornando a malícia uma metáfora.




Foi um olhar intenso, ambos sentiram a sua robustez, e apesar de ter tido uma extremidade negativa, aqueles dois corpos cruzaram, por breves instantes, a saudade cada vez mais perdida e deteriorada pelas atitudes do ser humano.



HEsteves






sábado, 28 de agosto de 2010

O André

“O André já cá não está. Já não brinca lá fora debaixo deste sol.
Já não vem de manhã (…)
Nunca mais poderei ralhar com ele (…)
O André era um dos nossos. Já chorámos por causa do André. Temos saudades dele.
Era um dos nossos e partiu à nossa frente.
Para outro lugar.
Gostamos de ter, como tiveram sempre os nossos antepassados, a certeza firme de que a morte é apenas como mudar de casa.
A esperança de que aqueles de quem gostámos estão guardados para nós e nos esperam.
Noutro lugar. O André está noutro lugar. Com quem brincas tu agora, André?
Chegou ao fim do caminho a sorrir. O Almeno, que estava lá naquele sábado, contou que a última coisa que o André fez foi sorrir. (…)
Quem vive a sorrir morre a sorrir.
Disse-me o professor Luís que é costume os bons morrerem cedo. O André era bom. Eu sei.
Não tinha jeito para estudar, nem paciência para estar quieto numa aula durante muito tempo.
Como tantos de nós.
Mas esforçava-se. Tentava.
Uma vez dei-lhe o conselho de não se sentar, nas aulas, à beira dos colegas com quem gostava mais de brincar e conversar.
Disse-lhe que assim podia aprender mais coisas nas aulas.
Não sei se o André conseguiu realmente aprender mais coisas.(…)

O André tentava. E os bons são os que tentam sempre, os que querem melhorar ao menos um bocadinho.
O André não fazia tudo bem. Era preciso ralhar com ele muitas vezes.
Eu não faço tudo bem. Vocês fazem?
Mas gostávamos dele, assim como ele era.
Alguns só agora é que estão a entender como gostavam dele.
É que só podemos gostar de pessoas com defeitos. Porque as pessoas sem defeitos não existem.
Eu ralhei muito com o André, porque às vezes temos de ralhar com as outras pessoas. Mas não deve ser à conta de nos estarem a incomodar. Deve ser para bem delas, porque gostamos delas e queremos que sejam melhores.
Nada de zangas.
Ralhar, sim. Mas ralhar e gostar.”

Paulo Geraldo

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Simples felicidade...

Quando se está feliz, começamos a perder o hábito de tantas e tantas coisas que fazemos para preencher o vazio que se torna rotina nos nossos dias!
Está-se apenas feliz! E não precisamos dizer a “A”, “B” ou “C” quanta felicidade se sente! A felicidade é uma linha imaginária, todos podemos sê-lo, independente da forma como a vida se apresenta! Li algures por ai, que não se deve deixar de fazer nada por nada nem por ninguém, fazer e pronto, em tempos duvidei desta “teoria”, pois deixei que a minha vida parasse por um sonho que já não me pertencia e nem sequer foi nunca meu…
Hoje sou “turbilhão”, não paro nada…e aprendi a ser assim com esse mesmo sonho, ele ensinou-me tanto e tanto da vida! E, ironicamente, mesmo sem nada de muito “palpável”, neste exacto minuto sei onde ir buscar a felicidade, e quando os sonhos de outrem me quiserem parar, pego neles e arrasto-os comigo para onde for…porque haverá pessoas que os saberão moldar!
E o quanto estou feliz…não preciso dizer…
HEsteves

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

HELENA...



Tenho escrito, escrito e nada tenho publicado, talvez por falta de tempo ou até mesmo por falta de vontade, mas não poderia deixar de partilhar convosco um encontro que tive.


Estava sentada num banco do jardim, esperando que o tempo passasse para ir “tratar de umas vidas”, foi então, que uma senhora chegou e se sentou a meu lado. Começando ali um diálogo.


Falou-me da sua vida, falou-me de si, contou-me segredos que já não eram sigilos e fez-me pensar e repensar em tudo o que é a minha “vidinha”. Disse-me que detesta injustiças, mas que irei encontrar muitas no caminho, que devemos lutar pela igualdade, pois apesar de todos diferentes, o sangue que nos corre nas veias é todo da mesma cor. Explicou-me que a verdade é a melhor solução para qualquer problema, que muitas vezes nos magoa, mas que a mágoa passa um dia e a verdade fica, aconselhou-me a nunca esconder uma lágrima, chorar sempre que esteja a “rebentar” de tristeza ou alegria e para além de tudo, nunca deixar de sorrir, mesmo com o brilho dos olhos fosco.


Confessou-me que a certa altura da sua vida se envolveu em várias actividades, deu forma ao corpo, espaço à imaginação e ocupação ao tempo.


Disse-me que nem sempre podemos ouvir toda agente, que é preciso criar defesas, quase como um escudo para que as palavras embatam e não façam mossa. E que ao longo da vida,percebeu que os amigos, a sério, se contavam pelos dedos, os outros eram meros humanos ou inumanos...


Seguiram-se uns minutos de silêncio, ambas parecíamos divagar por este ou outro momento. Ela rompeu a acalmia que se sentia ali, proferiu que a alegria não é uma constante, que existem pessoas que gostarão de nos ver cair, mas que até a essas, para as vencermos, devemos continuar a amar.


Revelou-me que se apaixonou algumas vezes, porém que amou sempre o homem errado, e, por esse, recusou outras possíveis histórias. Contudo, contra tudo e todos, preferiu fechar o livro dos romances e permanecer ali. Não sabe se agiu bem ou mal, apenas sabe que a paixão é efémera mas que o amor verdadeiro resiste a qualquer margem de tempo, sabendo, por isso, que, ainda, hoje se ele fechar os olhos conseguirá ouvir o bater descontrolado do seu coração quando passa e o faz sentir tão vulgar como as estrelas na noite.


Ensinou-me que até as situações complicadas e difíceis têm o seu lado positivo, e que até na noite mais fria e escura de inverno há um quê de beleza. Por isso, quando tudo se tornar escuro, só há um gesto, ver a beleza onde poucos percebem que ela existe…E acabou afirmando: “ É preferível ter que dar, que tirar”, deixando-me sem saber como interpretar aquela frase.


Por fim, olhei para ela e disse-lhe que tinha que ir embora, mas, não sem antes saber o seu nome… e serenamente, pronunciou:


-“ Lena, Helena!”.


- “Foi um Prazer!”

HEsteves

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Epá, apetecia-me muito deixar-te aqui...
Apetecia-me deixar aqui a vontade que trago, mas vou leva-la comigo.
Talvez amanhã a vontade seja maior ainda!!!

sábado, 7 de agosto de 2010

Coração Sã

Quando não souberes como reagir, não vires as costas! Pois um dia podes sentir um dedinho, “tic-tic” a bater-te no ombro e aí irás ter que voltar-te…
Quem deve, tanto o deve de costas como de frente,
Quem odeia, tanto odeia de costas como de frente,
Quem ama, tanto ama de costas como de frente…

E se querem um conselho, não deixem que a amargura e o ódio tome conta do coração, pois é sinal que o amor está, de facto, muito doente… e tal como o cancro, são inúmeros os estudo feitos, são inúmeros os tratamentos e as “estratégias” efectuadas, mas no fim a solução é só uma…

Não há cura para o amor!

E ele mata…
* Mas fico feliz por saber que o meu coração não está doente, pois continuo,somente, a amar!!!


HEsteves

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Toma conta desta tua casa




"Eu sei não é fácil conversar nem decidir"


Mas o dificil torna-se fácil...

e


O fácil dificil

HEsteves

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Vives no teu mundo de papel, pensas tê-lo pintado da melhor forma, mas a cor transborda os contornos; caminhas no teu próprio labirinto, pensas estar no lugar correcto, mas estás completamente perdido; bebes a "água" que te dão, pensas que te mata a sede, mas só seca, ainda, mais a garganta; sopras o vento na mesma direcção de todos e deixas-te ir na rebolice do bailado das folhas pelo chão, tantas vezes pisadas...
Posso rasgar o "papel" em que vives, apagar as cores fora das linhas, dar-te um mapa para te encontrares, levar-te à fonte potável, ensinar-te a soprar contra o vento ou simplesmente pisar-te...Mas não. Prefiro que vás na rebolice das folhas, voares até poisares, e esperar que alguém, cansado que lhe andes debaixo dos pés te ponha no lixo. Quem sabe aí, eu te possa, ainda, ouvir estalar...


HEsteves

Agri - DOCE

As horas têm custado a passar. A tarde tornou-se longa, a partir do momento em que me deixaram de pernas bambas e de nó na garganta, não há conversa que valha nem trabalho que distraia, apenas me resta esta folha tão pálida quanto eu, não dá sinal de ânimo, mas sustem os meus desabafos, tornando-se também ela mais pesada e sombria...
Mudei a feição da minha face, o meu mau-estar é visível a todos, não sei se pelo sorriso forçado ou se pela luz apagada do meu olhar. Meto um quadrado de chocolate na boca para rebater, mas acho que só daria resultado se comesse duas tabuletes seguidas.
Mas não é de doce que eu preciso, aliás, o meu grande mal é ter habituado as pessoas a uma docilidade "boa de provar", e pior é sê-lo de verdade.
- Vai na volta o outro é que tinha razão..."DOCE"...
No fim disto, até tenho que me rir...às vezes gozamos com quem acerta...
HEsteves

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O som das minhas cordas


O meu desejo era amar-te, mas o meu fado não o quis, trocou a letra da minha música, passou-me de um Sol para um Ré. Tentei acompanhar, mas as cordas do meu violino não obedeciam aos meus dedos, e o som que emanava foi-se tornando insuportável. Era um som pertubador, uma nota aguda que feria os ouvidos dos mais sensíveis.

Mas parecia haver quem gostasse de ouvir tal desafinação; parecia haver quem ouvisse os dois sons; parecia haver quem já não me pudesse ouvir, e, ainda, parecia haver quem me quisesse ensinar a tocar uma outra música, transmitindo-me a música deles como guia...

Contudo, eu não quis ouvir ninguém, não quis outro som, preferi continuar a entremear o Sol com o Ré, tendo também mesclas de "Lás", " Dós", "Mis"...Preferi que as minhas cordas ficassem bambas sem saber a que ritmo tocar, preferi chorar quando errei e sorrir quando acertei nos acordes, preferi partir as cordas, preferi voltar a uni-las, imaginando-as como um fio de coco liso e fino que em certa altura tem um nó, pequenino, talvez, mas áspero e saliente, preferi fechar os olhos e tentar perceber as notas que o meu fado me tocava, preferi saber que só nós dois é que sabemos...eu, e as notas que o meu coração me canta...músicas tristes, alegres, calmas, ritmadas, mas em cada palavra segredada é uma verdade sentida!!!


HEsteves


sexta-feira, 30 de julho de 2010

Além da saudade...


Não, não foi a primeira vez que voltei lá depois de te perder, já lá tinha estado, mas tentei nunca fechar os olhos para não ter que te recordar…mas ontem cansei-me de fazer força para os manter abertos, e fechei-os… lá estavas tu…
Vi-te caminhar pela rua, rua a que eu evitava passar, rua para a qual também nunca olhei, mas ontem o destino fez-me olhar, casualmente, quando passei…e lá ias tu…nesse teu corpo esbelto e com o teu ar aprumado, com passos largos mas vagarosos…com os teus olhos mais esverdeados do sol e protegidos pelas lentes escuras, o cabelo preto reluzente, o ar sério a que me habituaste, mas depois aquele sorriso doce, que há muito tenho saudades. Onde mora ele agora? Se calhar também ele se perdeu, tal como me aconteceu a mim, que te perdi…
Mas não é somente do sorriso que tenho saudades. Tenho saudades da amizade, da cumplicidade, dos olhares confidentes, das gargalhadas que partilhávamos, dos “safanões” e dos beliscões em jeito de brincadeira, da imagem do “menino” de dedo na boca, da espera das 8 horas nas manhãs de verão, onde te vinhas aconchegar, das palavras ditas no silêncio, até das menos agradáveis, das brigas de todos os fins-de-semana, do “amo-te” ao ouvido, do calor do teu abraço e das mais pequenas e insignificantes atitudes e momentos que partilhámos…
Eu que sempre disse que não era saudosista, e talvez não o seja,
quem sabe não é saudade o que sinto… Vai além da saudade…Já o sentiste…

HEsteves

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A minha vida deu mais uma vez uma reviravolta de todo o tamanho!!!E tenho andado sem tempo para escrever por aqui, peço, desde já, desculpa aos meus leitores, prometo publicar qualquer coisa brevemente!!!

HEsteves

segunda-feira, 26 de julho de 2010


começaram por caminhar , ele sempre à frente, ela saltitando pelos passos dele, por vezes tinha que se esticar, para acompanhar as suas pisadas, mas nunca deixou de lhe seguir as pegadas, e colocava pé ante pé no desenho que ele marcava na areia.
a certa altura entraram pela água fria e salgada e num acto irreflectido os seus corpos aproximaram-se. depois de alguma troca de palavras, ela sentiu as mãos dele percorrerem-lhe as costas, o nó do biquíni solto... sentiu-se insegura, mas um olhar meigo e doce transmitiu-lhe vontade de continuar, deixando que os lábios já roxos mas salgados se tocassem, lentamente, os movimentos foram-se descongestionando e o prazer foi-se consumindo.

saíram da água sentaram-se na areia, com o dedo ela iria escrever qualquer palavra iniciada por "A", palavra que ele não a deixara terminar, pois levantou-se, sorrio, acariciou-lhe o rosto e foi embora.ela olhou para trás e só avistou os passos dele, as suas pegadas era como neutras, invisíveis, e no fim o "A". levantou-se, olhou o horizonte e pensou: " nunca mais caminho pelos passos de ninguém, marcarei também as minhas pisadas na areia". deixou cair uma lágrima e percorreu todo o caminho para trás, deixando a marca do seu pé ao lado da marca do pé dele.

ao chegar ao fim do caminho, desenhou um "O", mas veio uma onda e apagou-o.


porque só o que é bom deixa marca
HEsteves

sábado, 17 de julho de 2010

Estamos off, fomos de férias... até à próxima, então!

HEsteves

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Beijo na Testa

Fazer apostas é algo interessante, e tendo algum azar no amor, tenho tido alguma sorte ao jogo, tendência que pode estar para mudar, pois na última aposta, saí vencida!
Porém recusei-me a "pagar", pois o outro apostador esquecera-se do aperto de mão que fez comigo, que a minha sinceridade e honestidade lhe lembrou. É evidente que entrámos em desacordo, propus-lhe "pagar" a dívida, somente, com um beijo na testa.
Ele perguntou-me porquê na testa?
Respondi-lhe que era sinal de respeito.
Mas ele preferia o beijo noutro lado, que não na testa!Se é que me faço entender!
Achei piada a toda esta situação, e informei-lhe que havia de publicar esta história aqui. Ele sugeriu que eu escrevesse " fiz uma aposta com alguém que me quer bem e não cumpri".
Agora toma lá atenção no que vais ler, por te querer bem é que te dou um beijo na testa, porque beijos há muitos, beijos em qualquer lado qualquer um dá, o respeito é que já vai sendo pouco...Por isso guarda bem o meu beijo na testa, vale bem mais do que outro beijo qualquer...Queres apostar?
HEsteves

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A "Nossa" Liberdade


Porque hoje é o Dia Mundial da Liberdade de Expressão, podia, belamente, escrever o que me passasse pela cabeça, sem preocupações com a escrita ou com o vocabulário, pois não teria razões para ser censurada, mas como o 25 de Abril já passou há muito, já lá vão 36 anos, e a censura não se extinguiu, posso faze-lo sempre que me apetecer, independentemente disso, serei sempre vista aos olhos de cada um.
Mas, embora goste de provocar mentalidades, a classe fica sempre bem, sobretudo a uma senhora, não descuidando por isso a forma como pronuncio o que quer que seja.
Mas voltando ao tema da liberdade, li estas frases, cujo autor é Vergilio Ferreira e deixo-vos com elas, pois darão que pensar, tal como me aconteceu a mim.

Diz NÃO à Liberdade que te oferecem, se ela é só a liberdade dos que ta querem oferecer (...)”

Diz NÃO à verdade que te pregam, se ela é a mentira com que te ilude o pregador (...)”

E é do NÃO ao que te limita e degrada que tu hás-de construir o SIM da tua Dignidade (...)

Em suma, a liberdade é o poder dizer NÃO e SIM, poder pensar ou ser inconsciente, é poder errar e reconstruir, é poder acreditar e duvidar, é poder escolher e ficar inato, é poder querer sonhar e acordar, é o poder e não poder...
A liberdade é a sinergia com o homem para a auto-afirmação do Ego, dando autonomia à racionalidade do sujeito.
Contudo, conclui-o que a liberdade não significa independência e é preciso coerência para não deixarmos que aquilo que possuímos nos acabe de possuir, porque a nossa liberdade também depende da liberdade dos outros...




HEsteves

terça-feira, 13 de julho de 2010


Dei a mão e largaram-na, dei a palavra e não ouviram, dei o carinho e não sentiram, dei o sorriso e ficaram sérios, dei as lágrimas e não as secaram, dei a alma e perderam-na, dei o coração e partiram-no…
Dei tudo…
Hoje, somente, resta dar a certeza da minha tristeza. Tristeza que permanece desde o dia em que percebi “ que o mais feliz dos felizes é quem faz os outros felizes.”

Assim sendo, o mundo deve andar cheio de tristes!
É triste…
HEsteves

segunda-feira, 12 de julho de 2010





Estou com sintomas de saudade...Alguém tem um comprimido para isto??:)
A única coisa que consigo pronunciar quando te vejo, é:" é tão bonito, gosto tanto dele..."

Não percas tempo


O Tempo perguntou ao Tempo:

- Oh Tempo! Quanto tempo o tempo tem?

O Tempo respondeu ao Tempo:

- O tempo não tem tempo, cada Tempo a seu tempo!

Então, o Tempo ficou confuso, não sabia o que pensar.

No entanto com o passar do tempo, o Tempo aprendeu que não há tempo para o tempo, que não há barreiras nem impossibilidades para o tempo, que o tempo é imprevisivel e tantas vezes insensato, porém percebeu também que tudo se ganha, nada se perde, excepto o tempo, deixando, assim, de acreditar na velha teoria " dá tempo ao tempo", e o Tempo despede-se de nós, apenas, com três palavras:



- Não percas TEMPO...!!!

domingo, 11 de julho de 2010

Se alguém me perguntar

Se alguém me perguntar, hei-de dizer que sim, que foi
verdade que não amei ninguém depois de ti nem
o meu corpo procurou nunca mais outro incêndio
que não fosse a memória de um instante junto
do teu corpo; e que deixei de ler quando partiste
por não suportar as palavras maiores longe da tua boca;
e que tranquei os livros na despensa e tranquei a despensa,
acreditando que, se não me alimentasse, acabaria
por sofrer de uma doença menor do que a saudade, mas
a que os outros, pelo menos, não chamariam loucura.


Se alguém me perguntar, direi que foi assim, e não de
outra maneira, como alguns parecem supor - que permiti,
bem sei, que outros homens me amassem e me aquecessem
a cama, mas em troca lhes dei apenas um nome diferente
do que tinham e os vi partir desesperados a meio
da noite sem sentir maior dor que a de saber que, afinal,também eles não existiam para além de ti; e que no dia
seguinte dava comigo a trautear sem querer essa canção
que amavas (como se ela, sim, se tivesse deitado
no meu ouvido), mas que a sua melodia, em vez
de me alegrar como antes, me escurecia mais a vida.


Se alguém me perguntar, nada desmentirei, nem negarei
que os frutos todos que me deram a provar na tua ausência
me pareceram demasiado azedos ao pé dos que explodiam
em sumo nos teus lábios; e que, por isso, nunca mais quis
um beijo de ninguém, nem sequer inocente, e não voltei
também a aceitar as flores que me traziam por me lembrar
que, em mãos assim, tão grandes para o afecto, o seu
perfume anunciava invariavelmente a chegada do outono.



E contarei por fim, se alguém quiser saber, que o teu silêncio
foi de tal densidade, de tal espessura, que não consegui escutar nenhuma das vozes que vieram depois de ti e, pior
do que isso, me esqueci com indiferença das mais antigas,
pelo que as minhas noites se tornaram uma tão longa
e solitária travessia que ainda esta manhã acordei ao lado
da tua sombra e respondi baixinho, mesmo sem ninguém
me perguntar, que há coisas que uma mala nunca leva.

Maria do Rosário Pedreira

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Amar

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Flor Bela Espanca

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Espera, não esperes...


Nesta curta caminhada que tenho feito, tenho aprendido uma “mão cheia de coisas”.
Coisas que não cabem numa só mão, então, deixo-as cair para junto dos pés, para que cada passo que dê seja mais coeso e menos volátil, pois como diz o velho ditado popular “ Quem espera desespera”, no entanto, aprendi que muitas vezes temos que guardar o desespero, sufocar os gritos que vários sentimentos despontam, prender as lágrimas, como a roupa no arame, calar as gargalhadas que transmitem alegria sem graça nenhuma, e manter, apenas, a seriedade e a sensatez.
Por vezes é mesmo preciso parar e esperar…
Espera-se pela espera que não esperamos esperar. É viver na espera não esperando.
Tudo para dizer, que é quando menos se espera que algo chega…não esperava que aquele episódio se repetisse, e sabemos que não foi acaso, tu fizeste tempo até que eu chegasse e eu só passei a passadeira porque não quis tomar outro caminho, “ironia da vida”, esperámos quatro anos…o tempo parece ter apagado o que de mau ficou, mas a “atracão” essa parece que lá continua, e pelos vistos nenhum esperava.
Conclui-o, então, que tantas vezes achamos que ao dobrarmos a cada esquina e ao darmos cada passo, que há sempre algo melhor, o problema é quando percorremos todos os cantos da cidade e regressamos à primeira esquina que pisámos… E porque a vida me tem proporcionado tal aprendizagem, fico com o coração na primeira, um pé na segunda e o outro a andar para a terceira esquina…
E não é pela história da “passadeira” que espero, porque essa já nem esperava, mas sim a da “Conquista Romana”…Estou à espera, não esperando…


HEsteves

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Gosto de ti



Pode o dinheiro acabar, mas eu gosto de ti…
Pode chover, mas eu gosto de ti…
Pode fazer trovoada, mas eu gosto de ti…
Pode o chão arder, mas eu gosto de ti…
Pode a lua cair, mas eu gosto de ti…
Pode o mar secar, mas eu gosto de ti…
Pode a fome aumentar, mas eu gosto de ti…
Podem os gestos colar, mas eu gosto de ti…
Podem os olhos cegar, mas eu gosto de ti…
Pode o silêncio falar, mas eu gosto de ti…
Pode o coração parar, mas eu gosto de ti…
Pode o tempo não passar, mas eu gosto de ti…
Pode a terra não girar, mas eu gosto de ti…
Pode o sonho acordar, mas eu gosto de ti…
Podes ser preto, rosa, branco, amarelo, mas eu gosto de ti…
Podem falar mal de ti, mas eu gosto de ti…
Posso gostar de A, B, C, D, mas eu gosto de ti…
Podes ter outra, mas eu gosto de ti…
Podes estar distante, mas eu gosto de ti…
Podes nem me ver, mas eu gosto de ti…
Podes-me odiar, mas eu gosto de ti…
Pode o meu coração conquistar outros tantos, mas eu gosto de ti…
Posso não gostar de gostar de ti, mas eu gosto de ti…

(…)

Contra tudo e contra todos…eu gosto de ti

Mas…

Mesmo gostando de ti, tu ensinaste-me a gostar muito mais de mim…
HEsteves

terça-feira, 6 de julho de 2010

O Menino dos Pés Frios

Era uma vez uma casa. Muito grande. Com um tecto altíssimo, nem sempre azul. Uma casa enorme onde habitava uma grande família: uma família tão grande que, por vezes, não julgavam os seus membros que se conheciam. E se deviam amar.

Houve um menino que entrou nesta casa estava ela toda branca. No chão tapetes de neve, cristais de água de uma brancura que estremecia. E as próprias árvores escorriam essa brancura. E frio. Iluminava-a uma estrela tão brilhante que, sobre o tecto, parecia que poisava sobre as nossas mãos.

Ora um dia, em que fazia anos em que esse menino entrara nessa casa, outro menino por ela andava com frio. Pelo chão, pelos milhões de cristais, caminhavam os seus pezitos enregelados. Tanto frio que nem podia
olhar a estrela brilhante. Nem os milhões de cristais que pisava.

Uma mulher chorava a um canto dessa casa. E era triste essa mulher. Estava triste e cansada. Na casa nem tudo era belo. Ali estava aquele menino cheio de frio. E, como ele, tantos meninos.

E, já há quase dois mil anos, um menino entrara na asa, que ficou mais clara com a luz brilhante do tecto. O menino entrou só para dizer uma palavra pequenina: AMOR.

Então essa mulher perguntou ao menino dos pés frios:

– Tu não tens a tua casa?

O menino olhou a mulher triste e ficou triste. Ambos estavam tristes. E disse quase envergonhado que não.

– Tu não tens roupa? Sapatos? Um lume? Pão?

A cabeça (tão linda!) do menino ia abanando sempre a dizer não. A mulher triste começou a ter vergonha.
Então ela consentia que na sua casa, na casa de todos, de tecto nem sempre azul, houvesse um menino sem roupa, sem lume, sem pão? Ela consentia uma coisa assim? E os outros também?

Escorregaram-lhe pela face já enrugada duas lágrimas transparentes. De água. Água como a que tombava do tecto, como a que se estendia nos mares.

E perguntou mais ao menino:

– E para onde vais? Eu dou-te qualquer coisa para o caminho...

O menino olhou para ela admirado. Não lhe disse para onde ia. Observou-lhe apenas:

– Tens duas gotas de água nos teus olhos que reflectem o céu azul e a lâmpada do tecto. Não sentes?

A mulher deixou cair pelo rosto enrugado as duas lágrimas. A pele, então, ficou-lhe mais lisa. E ela tornou-se menos curva. Ergueu-se. Estendeu, sorrindo, os dois braços ao menino. E disse:

– Fica. Perdoa.

E o menino ficou. Nos seus braços. Encostado ao seu peito. Com os pés aquecidos sobre o campo de neve.

E a mulher entendeu que não adiantava chorar ao canto da casa. E o seu vestido era uma bandeira. E o seu coração uma flor. Com o menino a seu lado.
Matilde Rosa Araújo

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Falaram-me de ti mesmo agora, e percebi neste momento que, ainda, não te esqueci, Brudeza...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

"Estrada da vida"


"Estrada da vida" chamou-lhe ele. Agora pergunto: " A vida tem alguma estrada?", "Que caminho sigo eu?" Já caminhei por vários caminhos, já me meti por atalhos, já me perdi nos labirintos, já me enganei e voltei atrás, já fechei os olhos e deixei que me guiassem, já fui longe demais, já fui onde não queria, já fui a "lugares" que ficarão na minha história, já fui a lugares que ficarão na história de outrem, mas nunca descobri o caminho, o rumo certo...

Quantos passos em vão? Quantas indecisões?

Tal como a imagem, não olho para trás, mas também não olho em frente...Onde nos levam os nossos pés? Onde nos leva a nossa mente?

Vamos caminhando, não esquecendo o passado, não olhando o futuro, apenas, vivendo o presente...porque não há a estrada da vida, a vida é que é a estrada...
HEsteves

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sempre me perguntam por...

Antes de ontem, ontem e hoje perguntaram-me por ti, encolhi os ombros numa atitude de..."não sei, deve andar para aí". Ironia da vida, pessoas distintas perguntam o mesmo e partilham a mesma opinião, " Há mais marés que marinheiros", e haverá de certo, mas sem dúvida que foi "aquela maré" que me levou não sei o quê e não sei bem para onde...Mas a ironia continua, porque embora não soubesse onde estarias, acabei por saber onde te encontravas, quando passei naquele outro meio de transporte que não o "nosso" barco, tocámos-nos levemente entre as pestanas...
E não deixando a ironia, ou chamar-lhe-ei de honestidade já, olhei a pessoa, a primeira que me questionou, encostei-me ao carro, sorri e disse: " eu sei que até pode ter razão, mas não diga isso, não temos que ser assim, gosto muito dele". Ele olhou para mim com cara de quem não acreditava no que estava a ouvir, mas depois sorriu, fez-me uma festa e disse: "Quem gosta de ti, sou eu!" E com o meu jeito de miúda, num sorriso descarado e tímido ao mesmo tempo, dei-lhe um abraço e respondi: "Eu sei que sim!"
E hoje não quero alongar isto, porque estou a ganhar coragem para escrever algo...no entanto encerro com esta frase...embora me queiram apagar o teu "nome" da testa, nunca me apagarão o teu "sobrenome" do coração...
HEsteves

Cão como nós


Como nós eras altivo

fiel mas como nós

desobediente.

Gostavas de estar connosco a sós

mas não cativo

e sempre presente-ausente

como nós.

Cão que não querias

ser cão

e não lambias

a mão

e não respondias

à voz.

Cão

Como nós.


Manuel Alegre


Bem vistas as coisas, todos temos o nosso lado de cão!:)