Hoje apetece-me escrever. Só não sei do que escreva…
Não sei se escreva das festividades e da azáfama que tem
sido os últimos fins-de-semana, se do cansaço que trago meio perdido no corpo e
das horas de sono em falta, se da voz que todas as noites, agora, me segreda “tenho
medo”, tal igual como quando era pequena… a diferença é que, já, não sou a
menina que tem medo de ir para a escola, que tem medo de ler ou escrever mal,
que tem medo que lhe ralhem ou que os colegas embirrem…ouço a voz mas não reconheço
o medo… Talvez tenha que ter medo de não ter medos…
Como a minha mãe diz: “ Eras tão amorosa em pequena e agora
és tão “escarapelão””… Talvez tivesse que ter medo de ter deixado de ser a “menina
amorosa dos medos”, mas não… os medos perderam-se nas aprendizagens e a menina
cresceu, entendendo que o medo nada é a mais que uma ilusão perturbadora e
desafiante…
Também poderia falar da viagem que vou fazer, dos amigos e
da família, do trabalho ou de alguém a quem vou chamar de “calcanhar de Aquiles”…
Todavia não vou falar de nada em concreto, talvez tenha “medo”
que as minhas palavras se tornem demasiado transparentes e que sejam capazes de
ler o que nem os olhos vão dizendo… falar de tudo superficialmente e de
nada em concreto pode ser o segredo para nos mantermos discretos mas presentes...Sem medo de manter o sorriso nos olhos e o brilho nos lábios...
HEsteves