terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Borracha e Corrector...


Sei que não te poderei acompanhar no teu sonho…nunca estive à altura das tuas fantasias… Nunca estive longe o suficiente para te fazer sentir saudades; nunca precisaste dedicar-me músicas com declarações de amor; nunca foi preciso apresentar-me aos teus “amigos”, nunca tiveste de ensinar-me os caminhos e os recantos mais bonitos da tua terra, eu conhecia-os tão bem quanto tu … Nunca tiveste que me abrigar no calor dos teus lençóis, nunca tive que viver contigo na ilusão da felicidade…
Muitas vezes discordei das linhas tortas que me desenhavas e tentei apaga-las como borracha e lápis… à medida que ia apagando, a borracha ia ficando mais pequena, mas não desmoralizei, achando que deixarias de desenhar curvas e contra-curvas…Até ao dia que tu rabiscaste a caneta, e não consegui apagar o traço que delineaste…tal como não consigo apagar a dor que traçaste no meu coração…e foi ai que me fizeste compreender o quanto imperfeito ele é …funcionando como uma antítese…mesmo morto continua a impulsionar o sangue, mesmo amando e idolatrando é desapaixonado e apático…Difícil de entender, eu sei…
O que não é difícil de perceber, é que se eu soubesse, teria trocado a borracha por um corrector…Eu já não posso voltar atrás, mas tu ainda podes mudar… corre à papelaria e oferece um á pessoa que partilha os teus desenhos contigo…
Poupa-lhe o sofrimento!


HEsteves

2 comentários:

  1. Forte. Sabes, Helena, às vezes há quem queira não ser apagado, por isso não escreve, risca a carne.

    Abraço,

    Edgar Semedo

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  2. Obrigado Edgar! Acho que mais uma vez, tens muita razão...Abraço

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