segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O que significa odiar?


A lua escondeu-se por detrás de farrapos de nuvens, o céu ficou cinzento e melancólico.
Se de facto existe o inferno, era ele que estava ali naquele momento…apoderando-se do céu e da terra, interferindo na vida e comandando o coração dos habitantes do globo.
A mulher batia-lhe contra o peito com as mãos fechadas, num choro sufocante e de coração desfeito, gritando-lhe:
-“Eu odeio-te, eu odeio-te!”
O homem tão descompensado quanto ela, agarrou-a pelos braços, e, inconscientemente, deu-lhe um abanão ao mesmo tempo que lhe perguntou:
- “Porque me odeias tanto?”
- “Porque não te posso amar! O amor abre mão…Deixa-te voar…o ódio amarra, prende-te, suporta as adversidades…e eu não te quero perder!!!”
Depois disto, o homem largou-a, virou-lhe as costas, passou com a mão pela cabeça, ouviu-se o silêncio, o vento assobiou por entre as ruas estreitas, quebrando a cólera…
E subitamente, ele virou-se para ela, voltou a agarra-la, olhou-a nos olhos e balbuciou:
- “ Então, odeia-me, ainda, mais…”

A lua que já espreitava, voltou a esconder-se, foi então que caiu uma estrela cadente, ela olhou para ele e disse:

- “Sabes qual foi o meu desejo?”

- “Qual?”

- “Que tenha força para te odiar cada vez mais e que tenha robustez para amar aquela que se deita a teu lado!”



HEsteves

sábado, 20 de novembro de 2010

Já fui...Sou...Serei...


Já fui a miúda ingénua, a menina tímida, a mulher coragem, a amiga sensível, a confidente de todas as horas, a namorada fiel, a gaiata descarada, a colega incansável, a camarada estarola, a senhora das causa…já fui…
Já fui aquela que sorriu, que lutou, que sonhou, que venceu, que perdeu, que abraçou, que pediu aquele abraço, que não ouviu, que errou, que rezou, que ambicionou, que desistiu, que discutiu, que perdoou, que pediu desculpa, que chorou, que secou aquela lágrima, que ouviu, que temeu…já fui aquela que falou demais, que disse o que não sentia, que se arrependeu, que se atrasou, que deu carinho, que esteve lá naquele momento, que caiu, que se apaixonou, que amou, que se desiludiu, que aprendeu, que cresceu…
- E o que todas estas mulheres têm em comum?
- Um nome! E todas elas amaram o mesmo homem…
- E a mulher de hoje?
Encolhi os ombros, esbocei um sorriso e pisquei o olho…


HEsteves

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

No dia que morreres...


As pessoas estavam vestidas de cores escuras e pesadas, ali passivas e inertes… as lágrimas deslizavam pelos rostos abatidos, e por entre as sepulturas e a tristeza ecoava a voz que gritava: “eu amava-o tanto…”
A mulher perdera o companheiro de uma vida, via agora os primeiros grãos de terra taparem-lhe o caixão, teria de aprender a viver com a ausência, ausência além de um corpo…
Perde-se muito mais que um contacto físico…perde-se a força, a alma, a vontade de viver sem aquele ombro e aquele abraço…restando apenas a memória, a memória de como tudo era quando estavam juntos…
Se o destino um dia te quiser levar na minha frente, deixo-te aqui a certeza que eu serei mais uma pessoa ali por entre as sepulturas, não darei um único gemido… as minhas lágrimas serão silenciosas como as de hoje…
Porém, onde quer que estejas e para onde quer que vás, guarda a verdade de que eu te “amava”…


HEsteves

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Cansa-me o teu Cansaço...


Movida pela curiosidade exploro territórios inimigos… longe de imaginar que a tua falta de imaginação mexesse tanto com o meu interior…
Quando não souberes o que lhe dizer, não lhe digas nada, apenas sorri e abraça-a…mas não lhe repitas as palavras que me dizias ao ouvido…não é que me doa só a mim, calculo que também lhe doa a ela…Mas ela não sabe, não é? Porque não lhe contas? Diz-lhe que não é a primeira a quem lhe sussurras essas mesmas palavras…Já imaginaste se eu voltasse a repetir a alguém, “ apetece-me encontrar-te novamente no meu caminho…”
Não consegues imaginar…e eu também não repetirei a ninguém, porque não quero voltar a viver uma história baseada na tua imagem e semelhança…
Para ser, que seja algo que valha de facto a pena...
HEsteves

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Como eu queria o que não quero...

Eu não quero um ano quando tenho um dia…
Eu não quero uma hora quando tenho um minuto…
Eu não quero um palácio quando tenho uma casa…
Eu não quero um pão quando tenho uma migalha…
Eu não quero uma noite quando tenho um sonho…
Eu não quero um aquecedor quando tenho um cobertor…
Eu não quero nada que o destino não me possa dar…
A única coisa que eu queria, era ser como tu…amar e perder-me nos braços de outro, “lavado” nos corpos suados, e por partida do destino, olhar para ti nos olhos e, tão descontraidamente, dizer-te, como tu fizeste, “ Quem te disse que eu já te esqueci?”

Eu não quero esquecer quando posso perdoar…


HEsteves