O meu desejo era amar-te, mas o meu fado não o quis, trocou a letra da minha música, passou-me de um Sol para um Ré. Tentei acompanhar, mas as cordas do meu violino não obedeciam aos meus dedos, e o som que emanava foi-se tornando insuportável. Era um som pertubador, uma nota aguda que feria os ouvidos dos mais sensíveis.
Mas parecia haver quem gostasse de ouvir tal desafinação; parecia haver quem ouvisse os dois sons; parecia haver quem já não me pudesse ouvir, e, ainda, parecia haver quem me quisesse ensinar a tocar uma outra música, transmitindo-me a música deles como guia...
Contudo, eu não quis ouvir ninguém, não quis outro som, preferi continuar a entremear o Sol com o Ré, tendo também mesclas de "Lás", " Dós", "Mis"...Preferi que as minhas cordas ficassem bambas sem saber a que ritmo tocar, preferi chorar quando errei e sorrir quando acertei nos acordes, preferi partir as cordas, preferi voltar a uni-las, imaginando-as como um fio de coco liso e fino que em certa altura tem um nó, pequenino, talvez, mas áspero e saliente, preferi fechar os olhos e tentar perceber as notas que o meu fado me tocava, preferi saber que só nós dois é que sabemos...eu, e as notas que o meu coração me canta...músicas tristes, alegres, calmas, ritmadas, mas em cada palavra segredada é uma verdade sentida!!!
HEsteves
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