" Cavaleiro de armas vastas, heroi de lutas e guerras, suas espadas estavam gastas...seria assim um cavaleiro, de armas vastas vencido, mas o seu coração sabia, que o sonho de ser cavaleiro heroi, nao estava perdido..."
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Sempre me perguntam por...
Cão como nós
segunda-feira, 28 de junho de 2010
São Pedro
“ Jesus disse a Simão (Pedro): "Simão, filho de João, tu Me amas mais do que estes? "Ele lhe respondeu: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo". Jesus lhe disse: "Apascenta Meus cordeiros". Segunda vez disse-lhe: "Simão filho de João, tu Me amas? - "Sim, Senhor”, disse ele, “tu sabes que te amo". Disse-lhe Jesus: "Apascenta Minhas ovelhas". Pela terceira vez lhe disse: "Simão filho de João, tu Me amas? Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe perguntara “Tu Me amas?” e lhe disse: "Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo". Jesus lhe disse: "Apascenta Minhas ovelhas.”
E perante tais palavras, na minha humilde condição de mortal, peço que também a mim, Simão, mais conhecido por S. Pedro me abra as portas que estão fechadas, portas essas que me conduzirão aos Céus, Céus que imagino de Paraíso, um mundo irreal onde a felicidade flutua. Apelo também que me trazei o meu “pecador”, pois terá o mesmo nome de seu irmão, que se tornara também fiel a Jesus, tal como eu gostava que se me tornasse fiel e apascentai-nos a ambos.
S. Pedro é também símbolo de Pedra e rocha, não peço que me torne o meu coração tão duro, mas que fazei cada pedra em meu caminho em migalhas de areia, ou, simplesmente, fazei-mas guardar de modo a construir pontes, capazes de derrubar os muros, sem os ter que destruir…
domingo, 27 de junho de 2010
FAZES_ME FALTA
“ Mas que sabes tu do amor? Se soubesses, limpavas os pés à entrada e já não saías.”
“ Digo: estou aqui e tu devolves-me: ausência.”
“ Imaginava-te tanto quando te deixei de ver.”
“ Deixo cair todos os efeitos lustrosos e atinjo o próprio coração do amor, essa tinta espessa que flutua sobre o tempo e transfigura tudo aquilo em que toca. Pode ser uma palavra amachucada, uma flor que envelhece, um búzio onde ainda cintila o mar onde já não vive. Pode ser o teu rosto de ontem, ou o que dele resta para hoje. O que importa não é o enredo, a forma, nem sequer a cor. O que importa é a circulação conjunta de um corpo e de uma alma em torno do despojado sedimento da sua verdade.”
“ Estou à tua espera num sítio onde as palavras já não magoam, não ferem, não sobram nem faltam. Esse sítio existe.”
quarta-feira, 23 de junho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
SEI LÁ
“ - Qual condição? Condição de mulher casada com um pulha? E que condição sofres tu? Tens medo de assumir compromissos mas já não gostas de viver sozinha, queres ter uma família mas não és capaz de abdicar da tua vida por nada nem por ninguém. E não me venhas com essa história da emancipação, basta olhar para ti, para a Mariana e para a Luísa, cada uma à sua maneira a sofrer na pele a vossa condição de mulheres emancipadas. A Mariana está uma escrava do seu próprio comodismo; tudo a cansa, a aborrece e lhe dá sono. A Luísa parece uma gata assanhada, come tudo o que lhe passa pela frente. E tu nem sequer sabes o que queres, enquanto suspiras pelo Ricardo que se eclipsou. (…) Como vês, a tua vida, a vossa vida não é mais fácil do que a minha, é só mais leve e mais vazia. Vocês estão convencidas que emancipação é fazerem tudo o que vos passa pela cabeça e acabam por não construir nada.
Sinto-me possuída por um mutismo atávico, esmagador. Podia ripostar, atirar-lhe à cara que o que ela tem é inveja da nossa liberdade, mas sei que isso não é verdade. Para ela a liberdade não é um bem precioso, nunca lhe conheceu o verdadeiro sabor (…) è como uma criança que nunca teve irmãos. Ninguém pode sentir o que perdeu sem o ter tido antes.
(…) Baixou a cara, escondeu-a entre as mãos e começou a soluçar baixinho, sincopadamente, num queixume brando, perdido, escondido dentro de si mesmo.
- Vá lá, não chores…achas que ele merece o que estás a passar?
- E tu, achas que eu mereço o que estou a passar? Bolas, abdiquei do curso por causa dele, fiz tudo para lhe dar uma família feliz e para quê? Para ele ter namoradinhas por fora? Sou assim tão pouco atraente e interessante?
- O defeito não está em ti, mas nele, não percebes isso? Não te podes deixar desvalorizar aos olhos dele, nem perante ti própria. Um homem que tem casos tem-nos independentemente de gostar da mulher com quem vive. O Bernardo é assim, está-lhe no sangue. É um predador. Para ele as mulheres são troféus de caça, vais ver que esta gaja é mais uma história sem importância como as outras…
- Mas se não tem importância porque é que lhe telefona todos os dias, porque é que lhe liga aos fins-de-semana, porque é que se mete a fundo nesta merda toda e me arrasta com ele? Porque é que não respeita os filhos e a família?
A Catarina está agora transtornada, fala alto e de forma atabalhoada, gesticula e entrelaça os dedos no cabelo como se quisesse arrancar mechas inteiras. Por fim, encosta a cabeça nos meus joelhos e chora convulsivamente durante alguns minutos. Ao fundo os Billie Holiday continua a cantar ironicamente “You can´t be mine and some else´s too, some day you´ll find I have a friend to you…
O que mais me entristece não é o que a Catarina sofre, é ter sido sempre assim a condição feminina. Aguentar as merdas que os homens fazem. Tudo isto é banal, desgraçadamente banal e inegável. “
Margarida Rebelo Pinto, "Sei Lá"
sábado, 19 de junho de 2010
Poema à boca fechada
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
* José Saramago, poema selecionado em "OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª ed.".
Telhado...
Hoje, sei que mesmo longe estás a meu lado, que mesmo sem me tocares te posso sentir, fecho os olhos e imagino-te aqui, de mão dada e com um abraço que o destino não deixou que me pudesses dar, levou-te tão cedo, como eu precisava de ti agora, como eu precisava que me ouvisses e me desses um dos teus sábios concelhos…
Sempre me ensinaste a ser sincera, a dar um raspanete e de seguida um beijo acompanhado de um sorriso…Sempre me ensinaste a saber perdoar…
Sempre me acharam parecida contigo, mas temo ter desiludido tudo e todos nos últimos tempos, pois acho que deixei de ser quem era…No entanto, sei que não me abandonaste…sei que me vieste fazer lembrar que sou, ainda, a mesma menina que se deitava na tua cama, a menina que corria sem medo do que quer que fosse, a menina que mesmo a chorar ria…a menina que não perde a força porque uma telha lhe caiu do telhado…
E por isso, te peço, quase a forma de um milagre, sei que sabes do que falo, até porque já conversámos sobre isto…Faz-me voltar a colar a telha, a mudá-la de sitio se preciso, mas a ficar com ela e a restaurar o telhado, que todos julgam ter sido destruído para sempre pelo vento… Ajuda-me a restaurar a minha casa…
Sei que me ouves, tal como sorriste no dia em que partiste…
Irei, brevemente, olhar para a tua pedra, para poder dizer-te obrigada, porque acredito que vou concertar o que o tempo danificou, contigo!
HEsteves
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Continuação da Quinta Carta...O FIM...
Quando deixará o meu coração de ser dilacerado? Quando me livrarei desta cruel humilhação? Apesar de tudo, penso que não lhe desejo qualquer mal, e talvez não me importasse que fosse feliz (…) Daqui a algum tempo, talvez já esteja mais tranquila e, com que satisfação, lhe censurarei o seu injusto procedimento, quando este já não me importunar; far-lhe-ei sentir que o desprezo e que falo da sua traição com a maior das indiferenças; que esqueci alegrias e penas e que só me lembro de si quando me quero lembrar!
Concordo que tem sobre mim inúmeras vantagens, e que me inspirou uma paixão que me fez perder razão; mas não se envaideça com isso. Eu era jovem, ingénua (…) Mas, por fim, livrei-me do feitiço. A ajuda que me deu e, confesso, da qual tinha enorme necessidade, foi grande (…)
Reconheço que me preocupo ainda muito com as minhas queixas e com a sua infidelidade, mas lembre-se que prometi a mim própria um estado mais tranquilo, que espero atingir, ou então tomarei uma resolução extrema que virá a saber sem grande desgosto. De si nada mais quero. Sou uma louca por passar o tempo a repetir a mesma coisa. É preciso deixá-lo, e não pensar mais em si. Acredito, inclusive, que não voltarei a escrever-lhe. Que obrigação tenho eu de lhe dar conta de todos os meus sentimentos?”
Mariana Alcoforado
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Quinta Carta
Só conheci o desvario do meu amor quando me esforcei, por todas as formas, para me curar dele, e temo que nem ousasse tentá-lo se pudesse prever tanta dificuldade e tanta violência(...)
Suportei o seu desprezo, e teria suportado o ódio e o ciúme que me provocaria a sua afeição por outra!Pelo menos teria uma paixão para combater. Mas a sua indiferença é intolerável(...)
Penso que pode estar satisfeito com o mal que me causa, qualquer que fosse a sua intenção de me desgraçar.(...) Porque me deu a conhecer a imperfeição e o desencanto de uma afeição que não deve durar eternamente, e a amargura que acompanha um amor violento, quando não é correspondido?E porque razão uma cega inclinação e um cruel destino persistem, quase sempre, em prender-nos áqueles que só são sensiveis a outros?
(...) Embora já não me sinta obrigada a respeitá-lo, não poderia decidir-me a tão cruel vigança, mesmo se isso viesse a depender de mim, por uma mudança que não antevejo(...)
Conheço sobejamente o meu destino para tentar mudá-lo(...) Como vê reconheço, a sangue frio, que podia ser mais digna de dó do que sou; e, pelo menos uma vez na vida falo-lhe com ponderação. Quanto lhe agradará a minha moderação, e como ficará satisfeito comigo!(...)
Nunca reflectiu na maneira como me tem tratado? Nunca pensou que me deve mais obrigações do que a qualquer outra pessoa? Amei-o como uma louca e tudo desprezei!O seu procedimento não é de um homem honesto(...) Sinto-me forçada a confessar que tenho motivos para o odiar mortalmente (...) Desde o início, ingenuamente, acostumei-o a uma paixão desenfreada, e é preciso algum engenho para nos fazermos amar(...)
Mariana Alcoforado
Quarta Carta
Bem sei que é tão fácil para ti desprenderes-te de mim como foi para mim prender-me a ti. (...) Razões de honra levam-te a abandonar-me - fiz eu algum caso da minha?(...)
Bem sei que te amo perdidamente; no entanto, não lamento a violência dos impulsos do meu coração; habituei-me à sua tirania, e já não poderia viver sem este prazer que vou descobrindo: amar-te entre tanta mágoa.(...)
Tal vazio e tal insesibilidade não me convêm. Toda a gente já se apercebeu da completa mudança do meu carácter, dos meus modos de ser(...) Todos se comovem com o meu amor, só tu ficas profundamente indiferente (...) Tudo o que fazem para me confortar agrava o meu sofrimento, e nos próprios remédios encontro razões de aflição. (...)
Conheces de mais o que se seguiu a este começo; e, embora não tenha de te poupar, não devo falar-te nisso, com receio de te tornar ainda mais culpado, se possivel, do que já és.(...)
Não sei se será mais sensivel à crueldade e à frieza de outra mulher do que foste à minha generosidade. Será possivel que gostes de quem te faça mal? Mas antes de te envolveres numa grande paixão, pensa bem no horror do meu sofrimento, na incerteza dos meus planos, na contradição dos meus sentimentos...na minha confiança, no meu desespero(...)
Não esperava ser tratada assim por ninguém: devias lembrar-te do meu pudor, da minha confusão, da minha vergonha, mas tu não te lembras de nada que te possa levar a ganhar amor por mim contra a tua vontade.
(...) Já não ouso pedir-te que me queiras. Vê ao que me reduziu o meu destino. Adeus"
Mariana Alcoforado
Terceira Carta
Mariana Alcoforado
segunda-feira, 14 de junho de 2010
"Este é também para a Helena..."
Senão dizia-te."
(Excerto retirado do livro "Muito, meu amor" de Pedro Paixão)
domingo, 13 de junho de 2010
SE SOUBESSES...
Se soubesses o número de vezes que já desisti de ti...Mas tu não sabes...Ou simplesmente não queres saber...Porque se calhar lá no fundo, tu sabes que não queres que eu desista...
Não sei do que desisto, nem quantas vezes irei desistir...Não sei quantas vezes vou por ponto final e fazer parágrafo...Não sei quantas vezes vou pegar nesta história e recomeçar...Mas, muito sinceramente, o que mais me apetece dizer....
" NÃO DESISTAS DE MIM, NÃO TE PERCAS AGORA, NÃO DESISTAS DE MIM...A NOITE AINDA DEMORA..."
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Pé de Igualdade
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Sonho...
Longo e sem saída,
Cada vez mais sozinho
Cada vez mais perdida...
E não sei para onde vou
Perdi a luz que me guiava,
Já não sei quem eu sou
Apenas sonhava, sonhava...
Sonhei que me vinhas acordar,
Tocavas-me levemente com a mão
Ao meu ouvido sussurrar
“Não me tires do coração”...
Mas não passou de um sonho
Nenhum segredo me vieste contar...
Mas no coração eu te ponho,
Não te deixei de te amar...
Será mesmo um sinal?
quarta-feira, 2 de junho de 2010
2ª Carta
“ E, no entanto, lembro-me de te ter dito algumas vezes que farias de mim uma infeliz; mas estes temores depressa se desvaneciam e com alegria tos sacrificava para me entregar ao encanto e à falsidade dos teus juramentos. (…) Não, prefiro sofrer ainda mais do que esquecer-te. (…) Em nada invejo a tua indiferença: Fazes-me pena. Desafio-te a que me esqueças completamente. Orgulho-me de te ter posto em estado de já não teres senão prazeres imperfeitos, sem mim; e sou mais feliz que tu, porque tenho mais em que me ocupar. (…) Pelo menos lembra-te de mim. Bastar-me-ia que me lembrasses, mas nem essa certeza ouso ter. Quando te via todos os dias não cingia as minhas esperanças à tua lembrança, mas tens-me ensinado a submeter-me a tudo quanto te apetece. (…) A crueldade da tua ausência, talvez eterna, em nada diminui a exaltação do meu amor. (…) De ti só quero o que te vier do coração e recuso todas as provas de amor que me possas dispensar. (…)
Faz o que quiseres: o meu amor já não depende da forma como me tratares. Desde que partiste nunca mais tive saúde e todo o meu prazer consiste em repetir o teu nome mil vezes ao dia.
(…) Estou desesperada, a tua pobre Mariana já não pode mais: desfalece ao terminar esta carta.”
Mariana Alcofarado ( A Freira de Beja)