quarta-feira, 18 de agosto de 2010

HELENA...



Tenho escrito, escrito e nada tenho publicado, talvez por falta de tempo ou até mesmo por falta de vontade, mas não poderia deixar de partilhar convosco um encontro que tive.


Estava sentada num banco do jardim, esperando que o tempo passasse para ir “tratar de umas vidas”, foi então, que uma senhora chegou e se sentou a meu lado. Começando ali um diálogo.


Falou-me da sua vida, falou-me de si, contou-me segredos que já não eram sigilos e fez-me pensar e repensar em tudo o que é a minha “vidinha”. Disse-me que detesta injustiças, mas que irei encontrar muitas no caminho, que devemos lutar pela igualdade, pois apesar de todos diferentes, o sangue que nos corre nas veias é todo da mesma cor. Explicou-me que a verdade é a melhor solução para qualquer problema, que muitas vezes nos magoa, mas que a mágoa passa um dia e a verdade fica, aconselhou-me a nunca esconder uma lágrima, chorar sempre que esteja a “rebentar” de tristeza ou alegria e para além de tudo, nunca deixar de sorrir, mesmo com o brilho dos olhos fosco.


Confessou-me que a certa altura da sua vida se envolveu em várias actividades, deu forma ao corpo, espaço à imaginação e ocupação ao tempo.


Disse-me que nem sempre podemos ouvir toda agente, que é preciso criar defesas, quase como um escudo para que as palavras embatam e não façam mossa. E que ao longo da vida,percebeu que os amigos, a sério, se contavam pelos dedos, os outros eram meros humanos ou inumanos...


Seguiram-se uns minutos de silêncio, ambas parecíamos divagar por este ou outro momento. Ela rompeu a acalmia que se sentia ali, proferiu que a alegria não é uma constante, que existem pessoas que gostarão de nos ver cair, mas que até a essas, para as vencermos, devemos continuar a amar.


Revelou-me que se apaixonou algumas vezes, porém que amou sempre o homem errado, e, por esse, recusou outras possíveis histórias. Contudo, contra tudo e todos, preferiu fechar o livro dos romances e permanecer ali. Não sabe se agiu bem ou mal, apenas sabe que a paixão é efémera mas que o amor verdadeiro resiste a qualquer margem de tempo, sabendo, por isso, que, ainda, hoje se ele fechar os olhos conseguirá ouvir o bater descontrolado do seu coração quando passa e o faz sentir tão vulgar como as estrelas na noite.


Ensinou-me que até as situações complicadas e difíceis têm o seu lado positivo, e que até na noite mais fria e escura de inverno há um quê de beleza. Por isso, quando tudo se tornar escuro, só há um gesto, ver a beleza onde poucos percebem que ela existe…E acabou afirmando: “ É preferível ter que dar, que tirar”, deixando-me sem saber como interpretar aquela frase.


Por fim, olhei para ela e disse-lhe que tinha que ir embora, mas, não sem antes saber o seu nome… e serenamente, pronunciou:


-“ Lena, Helena!”.


- “Foi um Prazer!”

HEsteves

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