quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Não te esqueças...

Se queres ir, vai…
Se queres amar, ama…
Mas não te esqueças de lhe repetir ao ouvido várias vezes o teu nome completo, de lhe ensinares que os teus olhos mudam de cor com as estações do ano, que o teu olho direito tem uma mancha mais escura, sendo uma característica única, de lhe ensinares que tens um sinal na barriga da perna, que não és crente mas que ouves uma voz que te fala às vezes, que gostas da noite e de cores escuras e sombrias…
Não te esqueças de lhe falar mal de mim, mas também não te esqueças de lhe contar o quanto eu era tua amiga e gostava de ti…não te esqueças de a amar como eu te amei um dia…não te esqueças de ser feliz…

P.s- Não te esqueças do que me disseste uma noite: " As portas do meu coração estão sempre abertas para ti..." Tu, encostaste a porta, mas não te esqueças, que eu fui lá e fechei-a...
HEsteves

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Primeira Manhã

"Escorremos pela noite, na ânsia de nos encontrarmos, “de feitos” que se buscam. Exausta tentativa de transportar tudo para o patamar tangível do suor. O oscilar ondeandante das ancas que se apertam, arranham, chocam e voltam a apertar-se para reiniciar o processo. Nós de braços. Evitam-se as luzes explicitas. Olhos sempre nos olhos."
João Murillo

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Estica-me a mão...


Passaram cinco anos...No entanto faz-me sentir que nem um só dia estiveste ausente e tocas-me com o teu ar de miúdo descontraído e com o sorriso infantil e doce…Envolves-me na humildade das palavras e na coragem das “desculpas”, fechas os olhos e deixas-me guiar-te a sítios que não conheces, despontas em mim “ vontades” há muito perdidas…e embrulhados pelas estrelas cor de prata, no reflexo das águas frias com canções de rãs, partilhámos bocados de alma…


Alma que estremeceu quando, de todos os gestos, me deste a mão e a apertaste simplesmente.


Hoje, longe de imaginar, tenho saudades…



Anda!



Estica-me a mão…



HEsteves

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

" - Podem tratar-nos como animais mas nós somos mulheres, não somos selvagens"
Lesley Pearse, " Nunca me Esqueças"

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Os véus do nosso corpo...


Hoje pegava numa tesoura e cortava as linhas que sustêm o véu em que tantos de nós nos embrulhamos. Sinto o cansaço de termos que dar ponto sobre ponto, para que este tecido, na verdade tão árido, tenha o mesmo brilho da seda pura…


Ficarmos nus…


Sim! Nus!


Não, não pretendo chocar nem provocar ninguém, embora as mentalidades continuem a precisar de desafios de forma a poderem tornar-se menos mesquinhas e medíocres, mas hoje não é esse o meu intuito.


A nudez a que me refiro, vai no sentido de libertarmos o “bordado” que necessariamente temos que debruar, umas vezes a fio de ouro, outras a fio de prata, havendo também pontos a linha preta e nós cegos para rematar. E rematando, agora, o texto, fazendo um pouco de ironia, já nem sei quem é mais cego, se os nós, se nós, que raramente olhamos o quadro das “avessas”.



HEsteves

domingo, 12 de setembro de 2010

Reencontro de Almas

“(…) Querido e amado ser, quanto tempo sem te ver e sem te sentir. E longas conversas por acontecer, e agora, parece que o tempo se nos escapa, pela ansiedade de não termos tempo a mais, para exprimir e viver tudo o que só em segredo as nossas almas sabem.

Quem dera tudo saber para não mais parar no tempo sem cumprir o que traçamos por destino. Grande é o coração do mundo, que com suavidade faz os ponteiros do relógio do tempo, passarem por nós, a fim de cumprirmos o prometido.

Quem dera, a tua luz ter vindo antes, lá atrás, quando tudo ainda era tão ingénuo e incerto, para acertar o passo com o teu tempo biológico de forma a caminharmos juntos, sem ter de ser necessário este afastamento inconsciente.

Quem me dera, não ter esquecido a profundidade do teu olhar por tanto tempo; quem me dera, nunca me ter separado de ti tão fisicamente. És a parte de mim por completar.

Mas o prometido é devido, e eu, aqui, agora consciente do nosso reencontro, mais prazer não é possível sentir. O prazer da tua companhia amiga e doce, o prazer de estares, mesmo quando estás ausente, o prazer de fazeres parte da minha vida neste mundo.

(…)

Oh alma bendita, que da minha alma fazes parte, deixa o meu amor por ti fazer o trabalho, de te abrir as portas e janelas de possibilidades, para as tuas experiências cumprires, ainda que não sejas tão perto do meu ser. Porque agora eu sei, que sempre regressarás a mim.

(…) Deixa-me pegar-te na mão e o mundo correr para te mostrar o trabalho que fiz, enquanto por ti, inconscientemente, esperava. Eu sabia, eu tinha a certeza de que corria pelo tempo em tua direcção, eu sabia que me esperavas, eu tinha prometido reencontrar-te e reconhecer-te ao primeiro olhar e ao primeiro toque.

Deixa-me levar-te pelos corredores do tempo, e mostrar-te as minhas experiências vividas em nome do reencontro, deixa que te abra o grande portal, que é a passagem para a vida e te mostre, só o que é bom para a tua evolução.

Prometo, que se esta vida não chegar, outra e outra viverei apenas para te amar assim, sem nada por troca, apenas pela existência. Reencontrar-te-ei sempre em qualquer céu, em qualquer mundo, em qualquer vida, em qualquer eternidade, mas sempre, sempre com este amor pleno.”

Ana Paula Ivo

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Olhar os Olhares

Chegou discretamente pela multidão.




Vestia uma saia floreada em tons de azul, a blusa branca contrastando com a pele queimada, cabelo longo e escuro…Não tinha nada que a distinguisse, uma mulher à semelhança de tantas outras.




Sentou-se com as suas amigas e, prudentemente, observava todo o ambiente em redor. Por entre rostos e rostos, fixou-se apenas num corpo, corpo alto e esguio que deambulava de um lado para o outro, transmitindo a sensação de mal-estar, não estava bem em lado nenhum e parecia nem querer estar em lado algum, e ia para cá e para lá…




A certa altura esse corpo, talvez, tão impotente quanto a alma de muitos de nós, aguçou-lhe, ainda mais, o interesse quando num acto irreflectido se estagnou frente a esta mulher e a olhou por entre o copo de cerveja que levava aos lábios.




Ele olhou-a com um olhar de rancor e ela olhava-o com uma ponta de ironia, perceptível no seu sorriso, tornando a malícia uma metáfora.




Foi um olhar intenso, ambos sentiram a sua robustez, e apesar de ter tido uma extremidade negativa, aqueles dois corpos cruzaram, por breves instantes, a saudade cada vez mais perdida e deteriorada pelas atitudes do ser humano.



HEsteves