"Tudo o que vai volta, mas nem tudo o que volta encontra o que deixou."
A um "grande" amigo...
Percebo como é fácil prendermos e arrastarmos alguém
connosco durante muito tempo, vivi-o durante anos, a verdade é que sempre fui
muito senhora do meu nariz e muito pouco senhora do meu coração. Mas sabes? Devias
ter-me libertado mais cedo, pois assim ficarias sempre bem na imagem e
poupavas-me à repugnância que sinto só de te lembrar. Não precisávamos ter
chegado a isto, e eu tentei, sabes que tentei falar uma última vez… Por incrível
que pareça, és a primeira pessoa a despertar-me algo menos bom, sabes que não
sou de ressentimentos nem mágoas, nunca odiei ninguém… mas esta repulsa que te
sinto, preocupa-me, o meu “amor” contigo está doente.
Contudo, ainda, acredito que um dia crescerás e contigo a
tua admiração por mim, não pela mulher que sou hoje, mas pela mulher que fui
contigo… mulher que manteve sempre, ou tentou maioritariamente, ser
equilibrada; mulher que te abraçou e respeitou mesmo sabendo que não escolhias
o acertado; mulher que te limpou as lágrimas quando o que merecias era um par
de estalos e uma daquelas frases clichés: “enquanto choras não mijas”; mulher
que nunca te achincalhou quando merecias ter levado com todos os insultos; mulher que te protegeu, defendeu e susteve
sempre a compostura na tua frente e em situações caricatas com a tua ex.
Coitada da tua ex, com a sua mão cheia de defeitos e falhas… no entanto percebo
que o problema não era eu nem ela, o problema eras tu, sempre foste… quando não
gostamos de nós, não confiamos nem nos respeitamos a nós mesmos, jamais
conseguiremos fazê-lo com quem nos rodeia, e só por isso já começo a ter pena
da actual amiga, companheira, namorada ou lá como lhe queiras chamar, mal sabe
ela no que vai cair! Sim, porque eu não acredito em amores repentinos e muito
menos que tenhas mudado, até porque não se nota nada…
Agora também percebo porque é que os meus amigos e até os “teus”
não te achavam lá muita graça, é que no meio desta “palhaçada” eu nunca chorei
de rir, e eles sabiam-no… Mas eu lutei e teria lutado contra tudo e todos, não
fosse o meu nome de guerreira…porém estou tentada a dar-lhes a razão, tu não
eras nem és homem para mim, eu sou mulher demais.
Soa na sabedoria popular que “há coisas que mais vale
perdermos que acharmos”, que te tenha então perdido, assumindo e enfrentado a
dor que me corrompe. Nos próximos tempos se te vir de um lado da rua, passarei
para o outro, se estiver no mesmo espaço que tu, virarei as costas ou
abandonarei o local, mas no dia que o meu olhar encontrar o teu, lembra-te que
te tornaste um estranho para mim…
Talvez, ainda, me procures mais tarde… estarás no teu
direito… talvez eu não te vire a cara, talvez te ouça, mas talvez te falhe como
me falhaste sempre nos momentos que mais precisei, talvez este seja o teu termo
de amizade, talvez me o tenhas ensinado e talvez o mereças sentir…
Uma coisa é certa, nem que corras até ao fim do mundo, não
vais achar ninguém, ninguém que te tenha amado como eu… e sabes porquê? Porque os
mortos não se desenterram, o meu amor tem as respirações contadas e com ele a
pessoa que sempre te esperou…
HEsteves