segunda-feira, 26 de julho de 2010


começaram por caminhar , ele sempre à frente, ela saltitando pelos passos dele, por vezes tinha que se esticar, para acompanhar as suas pisadas, mas nunca deixou de lhe seguir as pegadas, e colocava pé ante pé no desenho que ele marcava na areia.
a certa altura entraram pela água fria e salgada e num acto irreflectido os seus corpos aproximaram-se. depois de alguma troca de palavras, ela sentiu as mãos dele percorrerem-lhe as costas, o nó do biquíni solto... sentiu-se insegura, mas um olhar meigo e doce transmitiu-lhe vontade de continuar, deixando que os lábios já roxos mas salgados se tocassem, lentamente, os movimentos foram-se descongestionando e o prazer foi-se consumindo.

saíram da água sentaram-se na areia, com o dedo ela iria escrever qualquer palavra iniciada por "A", palavra que ele não a deixara terminar, pois levantou-se, sorrio, acariciou-lhe o rosto e foi embora.ela olhou para trás e só avistou os passos dele, as suas pegadas era como neutras, invisíveis, e no fim o "A". levantou-se, olhou o horizonte e pensou: " nunca mais caminho pelos passos de ninguém, marcarei também as minhas pisadas na areia". deixou cair uma lágrima e percorreu todo o caminho para trás, deixando a marca do seu pé ao lado da marca do pé dele.

ao chegar ao fim do caminho, desenhou um "O", mas veio uma onda e apagou-o.


porque só o que é bom deixa marca
HEsteves

1 comentário:

  1. Este sim, está de facto muito bom, mesmo! Até me deu a sensação de me ter faltado o ar ao ler as tuas palavras... E é sem dúvida, uma (grande) lição para a vida, o que nos esquecemos, é que todos nós somos bons a dar conselhos, e até os sabemos reconhecer como bons e exemplares, depois, quando decidimos "entrar na agua", não nos lembramos que já, sem notarmos, seguimos os passos dele... E o pior, vem depois, quando ele não se lembra do esforço que muitas vezes fizemos para alcançar os seus passos! É triste...

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