quarta-feira, 13 de março de 2013

As Cinquentas Sombras de helly - VIII

Antes de ela replicar ele calou-lhe qualquer resposta, é como se adivinhasse que iria levar um “sim, é só a carteira!”, assim num assalto de um movimento, os lábios uniram-se e deu-se, finalmente, o primeiro beijo.

Mas seria este o primeiro e o último? Tudo começaria ali, ou estava desenhado o fim? Pode um beijo ter poder de mudar valores, condutas, sentimentos?

Helly empurrou-o e arrancou-lhe a carteira das mãos, depois olhou para ele e chamou-o de louco, virou-lhe as costas e preparava-se para sair dali o mais depressa possível, mas Simão agarrara-a no braço antes de abrir a porta e voltara a puxá-la contra o seu peito, e um outro e outro beijo, ao quais chamamos de “bate chapa”, daqueles que pais e filhos dão, se sucederam… um beijo pode não significar nada, mas tem a capacidade para tudo transformar e dar valor ao que depreciávamos até então.

- A vida é uma loucura! Disse Simão.
- Mas eu prefiro não entrar para o Júlio de Matos!
- Helly, aproveita a vida, deixa-te levar!
- Deixa-me, tu, em paz!
- Eu deixo, mas não te deixo ir sozinha para casa!

E os dados do jogo estavam lançados, Helly , uma vez mais, foi acompanhada para casa, mesmo contra a sua vontade. Resistir ou fugir também não iria resolver o labirinto de medos e sentimentos que sentira dentro de si… Simão fascinava-a de uma forma estranha, no entanto ela sabia que aquilo que se estava a passar não era mais do que uma paixão e um desejo físico que começara a tomar expressão de ambos os lados. Mas é das paixões que nasce o amor, e é do amor que nasce o romance, e o romance pode reformar vidas, demudar sonhos, ou então trazer deceções e mágoas amargas de engolir.

Mas se vivermos sem paixão, e com medo de amar, a deceção e o pacifismo de nada sentir, será maior que qualquer dor ou perda. Perder faz parte, está no regulamento de vida, pena não haver um antídoto capaz de banir qualquer dor da alma, ou talvez da mente, visto que o ser-humano é comandado pelo cérebro; tal como há comprimidos para ajudar na concentração e na memória, também devia haver um xarope qualquer para ajudar no esquecimento, apagando certos acontecimentos do nosso percurso… mas nunca ninguém disse que seria fácil, apenas que valeria a pena.

Naquela noite foram juntos para casa, saíram juntos do bar, sem se preocuparem com o que diriam, e deixaram a paixão falar, embora lhe fizessem “pshiuuuu”. Demasiado entusiamo prejudica, deixarem as coisas fluir sem pressa seria uma mais-valia, e cheios de uma sensatez e embriaguez amorosa, lá caminharam de mão dadas até à porta de Helly, despedindo-se com um beijo, que já passava de um “bate chapa”.

HEsteves

Sem comentários:

Enviar um comentário