terça-feira, 5 de março de 2013

A única "Sombra" de Helena...

Outro dia uma amiga perguntava-me se o “ele” que falo na história “ Cinquenta sombras de Helly” era beltrano Y. Respondi que não. Disse-me que quando acabasse esta história deveria escrever a nossa. Mas não! A nossa é só nossa…a mais ninguém pertence… e ao contrário do que se pensa por aí, ninguém sabe muito sobre nós, nós mesmos nunca soubemos nada… tínhamos vida de maré, ora estava cheia, ora estava baixa, e vivíamos hasteando a bandeira vermelha, amarela, verde, amarela, verde, vermelha…


A nossa bandeira vermelha não significava zangas ou discussões, até porque um dos pontos cordiais entre nós é não termos momentos maus, aproveitávamos cada ocasião para partilhar risadas, conversas, carinhos, e outras coisas mais… eramos um par cujo entendimento rendia, às vezes soprava uma certa aragem, mas o engraçado é que nunca nos deixámos constipar, ou corrias tu com um casaco, ou corria eu com uma gabardine, íamos sempre ao encontro um do outro, e quando a tortura teimava em persistir, e a aragem se transformava em vento, chamando a chuva, o outro abria o guarda-chuva torcendo para que o sol viesse rápido e cheio de sorrisos e brilho.

As nossas bandeiras vermelhas significavam, apenas, um distanciamento que ardia, como o sal do mar na pele bonita e bronzeada, tal como agora.

Confesso que já não me deito nem me levanto contigo, a febre já baixou, às vezes dá-me um certo nó na garganta, um batimento diferente no peito, e o teu nome ressoa-me na mente, é como se sentisse que me chamas e me gritas em silêncio, e o pior, eu ouço-te, mas não é a mim que deves chamar… o meu navio está agora noutra rota, e, foste tu que desprendeste a âncora.

Uma perda é sempre uma perda. A dor é algo inexplicável e intransmissível, seja ela em que plano for. Sempre te deixei a porta aberta, para que nunca te sentisses pressionado nem oprimido, porque o verdadeiro amor deve ser livre… a ironia é que não fui eu que te perdi. Tu é que me vês agora a dizer “adeus”, não porque saíste mais uma vez, mas sim, porque te empenhaste demais em viver uma mentira e te tornaste omisso na verdade que querias viver e temeste. Sabes? Nunca é bom sermos de extremos, e eu pensava que te tinha ensinado isso, mas vejo que falhei, eu numa lição e tu numa experiência, ou, talvez deva dizer, numa prova de vida.

O pior disto tudo, é que o tempo não volta atrás, disse-te inúmeras vezes…sempre te defendeste que se não somos mais, é porque a vida não quer. Não sei se é a vida, se és tu, ou se fui eu, se não tivesse sido tao áspera há uns anos atrás, talvez a história fosse outra. Mas tens de me perdoar, nessa altura, ainda, não sabia que te amava. Já lá vão quantos anos? Numa das últimas conversas falámos sobre isso, disse-te que te devia conhecer há uns 8 ou 9, e tu, olhaste para mim, com um ar muito sério, levantaste o sobrolho e perguntaste: só?

Há coisas que não se medem no tempo… nem na razão… aquilo que nos transcende não deverá ser discutido, porque não terá uma lógica matemática. Não poderei afirmar que a minha porta se fechou para ti para sempre, com a mesma certeza que digo que o perímetro é igual à soma dos lados… a vida é algo que vai além de quilómetros de distância e desapego. No dia que quiseres regressar vem, serás bem recebido. Entrarás como visita, e se tiveres que voltar a ser “dono” da minha alma e coração, eu aceitarei e ficarei feliz, afinal se o fores, é porque a vida quis, e eu e tu também…

HEsteves

2 comentários:

  1. lol... pouco me importa...não é para "ele" entender... mas para quem ler sentir que o que escrevi é sincero! ;)

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