sábado, 9 de março de 2013

As Cinquenta Sombras de Helly - VII

Todos ficaram interrogativos, mas ninguém falou do assunto, somente a melhor amiga, que percebeu o olhar de Helly a pedir socorro, e desviou o tema introduzindo qualquer outra conversa. Era como se o que tivesse acabado de assistir fosse uma coisa completamente banal, pelo menos foi desta forma que Rosário descreveu o momento, mais tarde, numa conversa particular com Helly.

Ele, a quem atribuímos o nome de Simão, não se mostra minimamente incomodado ou afligido por aquilo que este ou aquele possa pensar ou dizer, e, à sua maneira, continua a conquista. Assim sendo, não se ficou por aqui, foi muito mais além e tinha as estrelas da sorte consigo.

Já quase no fim da noite, quando já nada se previa acontecer, eis que mais uma vez ele surpreende, de facto, não o podemos, até então, classificar como um daqueles homens aborrecidos, que está sempre à espera que seja o par a dar o primeiro passo. Não! Ele mostrava-se uma pessoa filtrada nos seus objectivos lutando para que o que desejava acontecesse, e esta forma de estar, devia ser aquela com que acordamos todos os dias, cheios de energia e veemência para conquistar o mundo, ou nem tanto, para conquistarmos somente o que faz o nosso mundo melhor!

Helly caminhou até ao balcão para pagar a sua conta, entretanto pousou a carteira enquanto se despedia de uma amiga, Simão atento a toda aquela cena, aproximou-se e ficou mesmo ali ao lado, agarrou na carteira dela, abriu-a e espreitou.
- Então? Tens dinheiro que chegue para pagar a minha conta?
- Tenho cara de tua mãe? Dá-me cá isso, vá!
- Queres a carteira, é?
- Quero!
- Então anda buscá-la!
Virou-lhe as costas com a carteira na mão e dirigiu-se para a casa de banho. Ela gritou-lhe para lhe devolver a carteira imediatamente, mas depressa percebeu que aquele alarido não lhe traria a carteira e certamente iria chamar as atenções, então respirando fundo, lá foi também a caminho do WC.

A Casa de banho talvez não seja um dos locais mais agradáveis, sobretudo em estabelecimentos públicos, mas é, sem dúvida, um dos maiores refúgios. Quantas histórias não saberão aquelas paredes? Dramas, choros, bebedeiras, namoros, pecados, más-disposições, doenças, segredos, etc, etc.
O certo é que nem tudo o que é bonito e agradável é confiável, e esta é uma das grandes verdades, que se aplica em várias situações.

Quando ele a vê entrar naquele pequenino largo entre o lavatório e a porta, lança-lhe um olhar de desafio como quem diz “ Vês? Eu sabia que tu vinhas!”, Helly não pronunciou uma palavra, apenas esticou o braço numa atitude de “ Dá-me isso, vá!”; Simão agarrou-lhe a mão, puxou-a e quase a tocar-lhe nos lábios, sussurrou:
- Queres só a carteira?

HEsteves

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