sexta-feira, 1 de março de 2013

As Cinquenta Sombras de Helly - IV

- Não gostei desta atitude!


- Mas o que é que eu fiz? Não tenho culpa que a minha casa fique na mesma direção que a tua e que por mero acaso me tenha cruzado contigo!

Fizeram-se uns minutos de silêncio, nenhum foi capaz de rebater a situação com as palavras. No entanto ela ponderou, intimamente achou que estava a dar muito importância a uma situação que sabia não ser pontual, porém se a valorizasse estaria a dar-lhe um peso demasiado pesado. Fingir que acreditava que nada daquilo era preciso e calculado, tornaria tudo bem mais simples e fácil de encarar. Soltou uma risada, e soletrou somente uma palavra “sei!”, depois deu-lhe o braço numa postura de plena amizade “desinteressada”. Caminharam de braço dado pela avenida adiante, conversando e rindo, sem sequer pensarem no que estava a acontecer.

A casa dela estava já ali, pararam. Despediram-se. Mas o tempo parece ter parado com eles. Depois de um “adeus”, olharam-se em silêncio, como se algo quisesse falar e não soubesse o tempo certo.

Ele cortou esse mutismo, puxou-a contra o peito e deu-lhe um abraço. Sentiram o calor dos corpos colados, e o mundo fora deles naquele momento. Ele tentou ir até Marte, tentou beijá-la, mas ela desviou o rosto e afastou-se. No embaraço, argumentou que ele já não estava sóbrio, e que nada valeria a pena acontecer, se no dia seguinte já nada se recordasse.

Numa atitude inesperada e ao mesmo tempo de uma inteligência imprevisível, ele olhou para o relógio e perguntou-lhe as horas.

- São 03.12!

- Não te esqueças desta hora! Amanhã vou mostrar-te não só que estou sóbrio, como que sei muito bem aquilo que quero.

Deu-lhe um beijo na cara, ela tomou o caminho de casa abanando a cabeça em sinal de reprovação, porém as suas palavras não lhe saiam da mente. Antes de chegar à porta, ele gritou em voz baixa:

- Não te esqueças!

HEsteves

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