sábado, 19 de junho de 2010

Telhado...


Já tinha dado pela tua presença, já tinha ouvido os teus passos na escuridão, mas não tinha certeza que eras tu que me olhavas…
Hoje, sei que mesmo longe estás a meu lado, que mesmo sem me tocares te posso sentir, fecho os olhos e imagino-te aqui, de mão dada e com um abraço que o destino não deixou que me pudesses dar, levou-te tão cedo, como eu precisava de ti agora, como eu precisava que me ouvisses e me desses um dos teus sábios concelhos…
Sempre me ensinaste a ser sincera, a dar um raspanete e de seguida um beijo acompanhado de um sorriso…Sempre me ensinaste a saber perdoar…
Sempre me acharam parecida contigo, mas temo ter desiludido tudo e todos nos últimos tempos, pois acho que deixei de ser quem era…No entanto, sei que não me abandonaste…sei que me vieste fazer lembrar que sou, ainda, a mesma menina que se deitava na tua cama, a menina que corria sem medo do que quer que fosse, a menina que mesmo a chorar ria…a menina que não perde a força porque uma telha lhe caiu do telhado…
E por isso, te peço, quase a forma de um milagre, sei que sabes do que falo, até porque já conversámos sobre isto…Faz-me voltar a colar a telha, a mudá-la de sitio se preciso, mas a ficar com ela e a restaurar o telhado, que todos julgam ter sido destruído para sempre pelo vento… Ajuda-me a restaurar a minha casa…
Sei que me ouves, tal como sorriste no dia em que partiste…
Irei, brevemente, olhar para a tua pedra, para poder dizer-te obrigada, porque acredito que vou concertar o que o tempo danificou, contigo!


HEsteves



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