domingo, 27 de outubro de 2013

O passado nada altera...



Sem “comos nem porquês”, ali estava ele à frente dela, não querendo olhá-la mas sem conseguir desprender-se dos seus movimentos, do seu sorriso, da sua forma peculiar de estar.

Ela fingia não perceber, mas sentiu sempre que ele poisou, chegou a ser intimidante, não por lhe causar qualquer tipo de reacção interna, mas para ela, ele perdera o direito de lhe falar assim, ela não quer ouvir...  Ela é uma das pessoas mais benevolentes que conheço, mas também uma das pessoas mais bem resolvidas, para ela aquilo que morre não se desenterra.

Também ela morreu, a mulher que ele olha hoje é uma estranha para ele, a que ele conheceu morreu outrora, no momento em que ele se transformou um “morto-vivo”.
Apesar de ele lhe ser um estranho e de não lhe causar qualquer tipo de peso, ela pergunta-se porque ainda perdeu tempo a reflectir nisto… e conclui que aconteça o que acontecer, aquilo que vivemos já ninguém nos tira, tenha sido bom ou mau, pertence-nos, e compõe parte de nós.

 É bom sabermos o que fomos e o que somos, sabermos onde crescemos e quando deixámos de regar certas plantas e as deixámos secar… Ela não sabe se ele crescera e se mudara, mas sabe que o olhar dele lhe confessou quase as mesmas palavras que em tempos eram segredos felizes… mas as coisas mudam… e há que lembrar que por vezes quem tira o primeiro tijolo da parede não somos nós…

 Há muros que jamais se voltam a reerguer, porque as pessoas que os construíram são, agora, destroços, guardados apenas na memória.

HEsteves

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