quinta-feira, 18 de abril de 2013

"Caminhadas" e afins...

Nos passados dois dias não tive aula de teatro nem outra atividade que me ocupasse, assim sendo, decidi fazer uma “limpeza” espiritual e reencontrar-me… Muitas vezes perdemo-nos dentro de nós mesmos, porque alguém ou alguma coisa nos troca os trajetos e nos toca à campainha…

Acredito que tudo o que chega até nós tem uma razão… seja ela óbvia ou inesperada, racional ou insana… tudo o que cruza os nossos caminhos tem um motivo, um sentido que tantas vezes não compreendemos e interrogamos…

O segredo da vida está em acharmos as chaves para todas as portas… para abrir ligações, relacionamentos, sentimentos… ou fechá-los para sempre… somos portadores de uma chave para cada fechadura, e às vezes temos mesmo de trocá-la e, mesmo assim, corremos sempre o risco de nos deitarem a porta abaixo… mas somos donos de uma alma, e esta é a nossa verdadeira casa, aí a mobília e a depuração ficam à nossa responsabilidade…

Como nos últimos tempos deixei que algumas “impurezas” me entrassem pela janela, tive de perceber como voltar a sentir-me "leve e arejada."

Comecei então por dormir e dormir, recuperar horas de sono atrasado e mal dormido. Nestes últimos dois dias devo ter dormido melhor que nas duas últimas semanas, depois comi com calma, o que não vinha a acontecer, mesmo tendo tempo, o stress fazia-me engolir tudo tão depressa que mal formava o bolo alimentar… vesti umas leggins, uma t-shirt larga, que nem minha era, apanhei o cabelo, sem preocupação de estar bonito ou feio, bem como não tive inquietação para por uns brincos ou base a disfarçar as características olheiras e imperfeições… Óculos escuros, mp3 e lá fui eu para uma caminhada… a primeira parte do percurso fi-la lentamente para que pudesse refletir sobre o que me estaria a fazer menos bem…

Chegada ao campo de futebol parei uns segundos para sentir o cheiro da relva misturada com o odor que a pista aquecida do sol emanava, à memoria veio-me recordações de adolescência, das aulas de 8 e 9º ano, onde tínhamos de correr 12 minutos... reclamávamos tanto e hoje tantas saudades que tenho… também recordei um passado distante, onde ia ver jogos de futebol, apoiando amigos e torcendo pelas suas equipas, bem como me lembrei de… bem… de um passado mais recente onde outras motivações me moviam… mais à frente a Quinta de S. Vicente, que me avivou tempos de infância...como tudo muda… o que as coisas foram e o que são…

Estava na segunda fase da caminhada, o passo acelerou de tal forma que a conhecida “dor de burro” se acentuou, no entanto não diminui o ritmo, a dor é o que nos fortalece, seja em que circunstância for… mas mesmo assim tirei partido de tudo; dos cheiros, do vento, do sol, do cantar dos pássaros… das cores… e até a passagem de um camião, que arrastou consigo o meu cheiro e que de seguida o vento voltou a empurrar contra mim, foi razão para uma conclusão: por vezes saímos de nós por causa de outros, mas tudo quanto for em esforço ou sobressalto não resistirá, e regressará, como diria uma amiga minha, “às suas origens…”

A terceira parte fi-la em corrida, para libertar todas as más energias… comecei a sentir-me melhor, o cansaço soube-me bem… diminui o ritmo lentamente até chegar a casa… alonguei os músculos na companhia da minha gata, que saltitava de um lado para o outro e não descansou enquanto não lhe dei o abraço que me parecia suplicar! Um bom banho de água a escaldar, uma roupa descontraída, uma taça de cerais com bastante fibra e uma dose de televisão que também andava em falta…

No dia seguinte, uma dorzita de músculos, mas uma alma tranquila e renovada… algumas decisões tomadas, o desejo de algumas portas abertas e por abrir, e a certeza de outras fechadas e trancadas… até o destino não as querer escancarar de novo…

HEsteves

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