segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

ESPALHARTE

Do sonho de um primo, ou talvez um pouco mais, do sonho de um primo-irmão, confidente, companheiro, parceiro para qualquer altura, eis que surge a ideia de formar um grupo de teatro. Envoltos de entusiamo, numa noite em que encerrávamos os santos populares, procurámos mais gente para abraçar a nossa ideia. E foi de boca a boca que se formou este grupo, para mim, mais que isso, amigos, família. Numa altura conturbada, onde senti o chão a desabar-me inúmeras vezes dos pés, numa altura em que nada me apetecia senão ficar em casa de pijama, vejo-me obrigada a despir a preguiça, a tristeza e a depressão, todos os sábados e rumar até à sociedade 1º de Dezembro.
E fugindo da apatia, acabámos por caminhar o “Caminho da Solidão”, quanto a mim, um dos marcos mais importantes do nosso percurso, afinal dizem que as 1ª coisas mantêm, sempre, lugar de destaque, uma peça a recordar, com ela tirámos a primeira lição, “ O homem não pode governar o mundo sozinho.” Por isso reforço, ”a união faz a força”, e mantendo-nos unidos “morremos e vivemos por amor”, uma história na qual, qualquer um se pode identificar, uma história de mistério, de sofrimento, de procura pela verdade…uma história de amor que nos diz que os verdadeiros amores existem e que o amor está antes e depois de tudo, pois, “ O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta…” assim sendo, desculpámos a ausência de uma das nossas colegas, e dedicámos-lhe esta peça, uma prova de que os amigos não são sempre os que caminham a nosso lado, mas sim aqueles que nos trazem no coração mesmo que andemos mais distantes. E distante estava também a Páscoa, e nós ingénuos e incapazes de imaginar o êxito dos “ Passos de Uma Vida”, caminhámos inúmeras vezes para o cine-teatro, fizemos “madrugadas”, revemos o texto vezes sem fim, gritámos de desespero e impaciência uns com os outros, e na certeza de que ia ser um fiasco, eis que o senhor vice vai assistir a um ensaio, e o talento e a ética falam mais alto e apresentamos, finalmente, a peça sem um lapso!
Mas os lapsos e os erros também fazem parte do crescimento, não poderia deixar passar em branco, o momento em que todo o grupo paralisa no palco da Senhora d´Alegria e manda uma risada! Mas Deus escreve torto por linhas direitas, não foi nem A nem B, literalmente fomos todos! E assim ressalvo o nosso lema: O sucesso de um é o sucesso de todos, a falha de um é a falha de todos…
E por falar em sucesso, chegámos à feira medieval, três longos dias que antecipavam dois ou três meses de trabalho, nem sempre fácil, com muita agitação, com muita falta de assiduidade e pontualidade, com muito alarido e por vezes pouca responsabilidade, no entanto, superámos expectativas, envolvemos pessoas fora dos grupo, às quais agradecemos, mostrámos que há talento em cada canto de Castelo de Vide, mostrámos que não é preciso muito luxo, dinheiro ou posses, para chamar a atenção… prova disso foram as nossas espadas de cabos de vassoura que não resistiram a tanta pancada e acabaram por se partir em palco, mas, nem foi mau…deu um certo ar realista à cena… E real, foi também o fracasso dos microfones, falhavam a meio das falas, fazendo de nós gagos, mas quando alguém se irritou nos bastidores e disse algo menos bonito, os microfones captaram e todos ouvimos, por isso, vamos ter mais cuidado para a próxima…
E cuidado terá também que ter a Raquel da próxima vez que formos à praia, sim, porque os nossos nadadores- salvadores poderão nem sempre estar por perto… e aqui vem mais um dos pontos altos do nosso grupo, a viagem à Nazaré! Três carros, lotados, cheios de juventude, alegria, vida e muito, muito barulho…uma viagem quase sem fim, uns frangos à nossa espera, uma casa dividida ao meio, mas sem dúvida uma experiência deliciosa. Dela guardo o cansaço, as noites sem dormir, a viagem do bus para o concerto do Quim, os carrosséis, a chegada a casa e o ataque às caixas dos cereais, as conversas, os desabafos, as lágrimas soltas e verdadeira que nos correram a todos pela cara abaixo, as fotos, os vídeos e as inúmeras parvoeiras…
Parvoeiras é o que mais há, por aí, espalhado, por isso no “Calcei os teus Sapatos” o Espalharte descalça os preconceitos e subirá a palco um uma peça, que na minha opinião, é o melhor texto até hoje. Meninos cheios de talento, capazes e especiais espalhem a magia, espalhem a verdade, espalhem a arte… somos Espalharte, somos teatro.
HEsteves

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