terça-feira, 9 de março de 2010

Partes Minusculas...


O tempo tem passado muito depressa, quase não o sinto passar…apenas sinto que o tempo passa porque tu não estás, sinto a tua ausência, e mesmo ausente sinto-te presente todos os dias…
As mínimas coisas fazem-me lembrar de ti, queres ver como vives na minha vida sem estares nela?
Outro dia, antes de me deitar, apetecia-me um chá quente…e eis que abro o armário, e lá estavam as nossas canecas de chá, encostadas uma à outra, nunca mais ninguém lhes tocou, nunca mais ninguém as usou…porque eram as nossas canecas, porque eram nossas, são parte minúscula da nossa história, mas fazem todo o sentido nela, tal como uma vírgula faz numa frase…E hoje? Hoje dei por mim a comprar gomas…gomas! Tantas vezes que íamos os dois de mãos dadas pela arruada do jardim a caminho da loja das gomas e eu a ralhar-te, porque achava que aquele dinheiro todo em gomas era mal empregue, mas tu gostavas, comias todas, eu apenas comia uma ou duas…partes minúsculas da nossa história, mas fazem todo o sentido nela, tal como uma vírgula faz numa frase…E os crepes? Esta semana andava a passear no super-mercado e dou comigo a olhar para uma caixa de crepes! Como eras chato com o raio dos crepes, não sei como não te fartavas daquilo…mas adoravas…e eu adorava ver-te satisfeito, tal e qual como um miúdo…era tão bom…partes minúsculas da nossa história, mas fazem todo o sentido nela, como uma vírgula faz numa frase… acreditas que hoje aquelas músicas que contigo me pareciam péssimas, hoje, sem ti já nem me soam tão mal, e muitas vezes vou ouvi-las, porque elas são parte minúscula da nossa história, fazem todo o sentido nela, tal como uma vírgula faz numa frase…
Do meio dos meus papeis, cai um rascunho teu, com a tua letra, uns códigos do computador, e dá-me vontade de poder ler qualquer coisa que tu me escrevas…partes minúsculas da nossa história, mas fazem todo o sentido nela, como uma vírgula faz numa frase…
Onde estão as manhãs na cama? Aquelas em que eu me enroscava e dormia em cadeirinha…Onde estão os pequenos – almoços que te levava e comíamos no teu quarto? Onde está aquele adulto com cara de puto que me derretia toda quando fazia aquele beicinho com o dedo na boca? Onde está a nossa mascote? Aquele pequeno rato que se calhar acabou por ser uma desilusão para ti, porque te fiz acreditar que te daria um cão…Onde estão as gargalhadas e os sorrisos cúmplices? O olhar amigo e confidente? Onde estão as discussões de todos os fins-de-semana, por causa deste ou daquele? Onde estão as lágrimas que me secaste? Onde está o meu ombro amigo, companheiro de todas a horas? Onde estás?
Onde estão as pequenas partes minúsculas da nossa história? Onde?

HEsteves

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