terça-feira, 28 de maio de 2013

As Cinquenta Sombras de Helly- XII

Nada que uma noite de sono para por o que quer que seja, mais claro, pensaram ambos antes de adormecer.

Após o inevitável ter acontecido, o inesperado também acontecera. Depois daquela noite, um silêncio arrasador pairou uma semana sobre eles. Não trocaram uma palavra, uma mensagem, nada que pudesse desanuviar o ambiente que inconscientemente se instalara.

O silêncio tanto pode ser construtor como destruidor, é uma arma infalível para mexer no interior de qualquer ser humano. Normalmente, nós, as mulheres, lidamos sempre mais mal com ele, preferimos deitar tudo o que nos incomoda e aborrece para fora, ao ponto de muitas vezes sermos excessivamente “chatas”, do que calar e engolir sapos, como se costuma dizer. Mas Helly, ao mesmo tempo, que era dotada de uma energia contagiante, continha também uma paz extraordinariamente invejável, conseguindo gerir os silêncios e toda aquela situação com uma embriaguez terrivelmente sóbria, não dando o mínimo sinal de que algo nela sofria.

Porém sabia que tinha que dar um fim à história, fosse qual fosse, jamais poderia deixar a “narração” suspensa. Começou por abordar Simão pela net, mas os resultados eram previsíveis e pouco esclarecedores, teria de recorrer a outro método, a algo a que ele não estivesse à espera, deixando-o sem margem de manobra. Todavia, e não querendo ser intempestiva, numa noite em que se cruzaram, Helly mandou-lhe uma mensagem, tendo-o sobre controlo visual, apelando a uma conversa civilizada, ele deu uma desculpa qualquer e sem sentido para que tal não acontecesse, e fugiu dali, dirigiu-se para dentro do bar com o seu grupo de amigos.

Elegantemente e passados uns bons dez, quinze minutos, Helly entra no bar, passa por ele e sem dar o mínimo de valor ao acontecido, dirige-se à casa de banho. Entra, olha-se ao espelho, respira fundo e pergunta-se o que deve fazer. Sai decidida, e ironicamente, o destino dá-lhe uma ajuda, um dos amigos de Simão mete-se com ela. Ela brinca, graceja, mas foca-se no que quer, educadamente, entrando no jogo, pede autorização, a todos aqueles homens com “olhos de falcão”, licença para lhe cederem o amigo para uma conversa rápida e a sós. Sem ter outra opção, Simão anui e vem com ela até cá fora.

HEsteves

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