quinta-feira, 29 de abril de 2010

Lágrima de Preta


Encontrei uma preta

que estava a chorar,

pedi-lhe uma lágrima

para a analisar.


Recolhi a lágrima

com todo o cuidado

num tubo de ensaio

bem esterilizado


Olhei-a de um lado,

do outro e de frente

tinha um ar de gota

muito transparente.


Mandei vir os ácidos,

as bases e os sais,

as drogas usadas

em casos que tais.


Ensaiei a frio,

experimentei ao lume,

de todas as vezes

deu-me o que é costume:


Nem sinais de negro,

nem vestígios de ódio.

Água (quase tudo)

e cloreto de sódio.


António Gedeão, Poesias Completas


DIGAM NÃO À DISCRIMINAÇÃO!!!!

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