quinta-feira, 22 de maio de 2014

O Rapaz do Jardim...



Podia falar das variadas coisas do meu dia… das palavras que traçaram sorrisos no rosto e de outras que, rapidamente, evacuei da memória... hoje tive de tudo… poderia falar, então, de uma ou outra situação, mas a verdade é que o meu ser criou, ao longo desta metade da metade de um século, alicerces tão capazes como as paredes mestras de uma casa…
… Tendo cada coisa o seu peso, a sua medida, o seu tempo, a sua “normalidade” e a sua importância… Vou escrever-vos sobre algo que nada parece ter de especial, mas, maior parte das vezes, são as coisas normais que compõem vidas, refazem histórias e se tornam únicas.
Acabava o meu dia às 20.20h precisamente. Comecei a caminhar em direcção a casa, as ruas estavam molhadas, caiam pingas incertas e leves, o astro estava carregado e o céu escuro, na rua não se ouvia um barulho, nenhum carro passava, nem se avistava vivalma. Mergulhei no mar de pensamentos que ondulava na minha mente, totalmente absorvida do tudo e do nada que desaguavam na areia branca do meu cérebro e colorida pelo verde dos arbustos do jardim, a minha imagem de calças e blaser preto caminhava apressada e em silêncio, até que olhei para o coreto, lá estava uma outra espécie igual a mim, encostada a uma coluna, o seu olhar focou-me, levantou o sobrolho como se me conhecesse, não tive a certeza de que lá estava mesmo uma pessoa, voltei a olhar… faz-me um sorriso e murmura um “Olá” num tom tímido mas simpático… educadamente respondi de igual forma...
Mas dali para a frente na praia dos meus devaneios, a questão passou a ser: “ Quem era aquele?”, “ O que estava ali a fazer?”, “porque me falou?”
Dele nada sei… tinha um casaco e estava de gorro… acho que em tons claros, mas nem a cor sei dizer…nada sei dizer daquela pessoa que se encontrava, ali, completamente sozinha na hora em que as famílias se juntam para jantar… não sei se era bonito, a que estrato social pertencia, se tinha boa “pinta” ou um ar inteligente…ia demasiado imbuída em mim mesma e não fui capaz de fazer qualquer tipo de análise… sei apenas que o seu olhar me marcou e que a sua presença me perturbou …
“Quem era? O que estava a fazer? E porque me olhou daquela forma?” São as perguntas que me percorrem até agora.

Se não há acasos… aquele rapaz não se cruzou comigo por nada…
Vale a pena pensar nisto…

HEsteves

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