sábado, 17 de maio de 2014

Nos ombros do coração...



Dizer que penso em ti seria mentira, e nada mudaria… dizer que não me lembro de ti também não seria verdade e também nada mudará… na realidade, não quero mudar nada…quero que tudo se mantenha como está, porque é a assim que tem de estar… é este decorrer do tempo e das histórias que nos compõe e nos completa… pensar e lembrar não são a mesma coisa… pensar é um acção presente, lembrar é acto do passado, uma memória que perdurou no passar dos dias e das horas, das mágoas e das conquistas… é um peso leve que acartamos connosco… só a idade ou a doença é que nos faz combalir o cérebro e apagar o que, até então, quisemos trazer aos ombros do coração…
Ontem ao ver-te não me lembrei nem pensei em ti… fiquei imune, como quando se bebe um copo de água sem sede… ao invés, hoje, já me perdi entre o pensar e o lembrar… descubro, agora, que talvez o meu coração te traga aos ombros…porque já foste as minhas assas e já me levaste a sentir a brisa suave das manhãs e das noites de primavera e o vento cortante e frio do inverno, porque já foste a água que me matou a sede e o vinho que me embriagou e me ressacou… porque já foste a minha torre de menagem e o “inimigo” com quem travei batalhas sem vencedores ou vencidos… porque na vida as perdas nunca são derrotas e os ganhos nunca são vitórias… e entre o pensar ou repensar, o lembrar ou relembrar, o esquecer… escrevo para dizer, que apenas o silêncio é mais forte que os nossos olhares...



HEsteves

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