Dizer que penso em ti seria mentira, e nada mudaria… dizer
que não me lembro de ti também não seria verdade e também nada mudará… na
realidade, não quero mudar nada…quero que tudo se mantenha como está, porque é
a assim que tem de estar… é este decorrer do tempo e das histórias que nos
compõe e nos completa… pensar e lembrar não são a mesma coisa… pensar é um acção
presente, lembrar é acto do passado, uma memória que perdurou no passar dos
dias e das horas, das mágoas e das conquistas… é um peso leve que acartamos connosco…
só a idade ou a doença é que nos faz combalir o cérebro e apagar o que, até
então, quisemos trazer aos ombros do coração…
Ontem ao ver-te não me lembrei nem pensei em ti… fiquei
imune, como quando se bebe um copo de água sem sede… ao invés, hoje, já me
perdi entre o pensar e o lembrar… descubro, agora, que talvez o meu coração te
traga aos ombros…porque já foste as minhas assas e já me levaste a sentir a
brisa suave das manhãs e das noites de primavera e o vento cortante e frio do
inverno, porque já foste a água que me matou a sede e o vinho que me embriagou
e me ressacou… porque já foste a minha torre de menagem e o “inimigo” com quem
travei batalhas sem vencedores ou vencidos… porque na vida as perdas nunca são
derrotas e os ganhos nunca são vitórias… e entre o pensar ou repensar, o
lembrar ou relembrar, o esquecer… escrevo para dizer, que apenas o silêncio é
mais forte que os nossos olhares...
HEsteves
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