quinta-feira, 20 de maio de 2010

1ª Carta

“ (…) Só as lágrimas lhes restam, e chorar é o singular uso que faço deles, desde que te decidiste a um afastamento tão insuportável que me matará em pouco tempo (…) Mil vezes ao dia envio os meus suspiros ao teu encontro; procuram-te por toda a parte e, em troca de tanta ansiedade, só me trazem sinais da minha má sorte, que cruelmente não me consente qualquer engano e me diz a toda o momento: pára, pobre Mariana, pára de te torturares em vão e de procurar um amante que não voltarás a ver (…)”

“ (…) Fiquei tão arrasada de emoção, que durante mais de três horas, todos os meus sentidos me abandonaram: defendia-me de regressar a uma vida que tenho de perder por ti, já que para ti não a posso guardar (…) Talvez encontrasses mais beleza (Houve um tempo, no entanto, em que me dizias que era bonita), mas nunca encontrarias tanto amor, e tudo o mais não é nada. (…)”

“ (…) Mas peço-te perdão; eu não te culpo de nada. Não me encontro em estado de pensar em vingança, e acuso somente o rigor do meu destino. Ao separar-nos, julgo que nos fez o mal que mais podíamos temer, embora não possa afastar o meu coração do teu; o amor, que é mais forte, uniu-nos para toda a vida. (…) Adeus, ama-me Sempre, e faz-me sofrer mais ainda.”

Mariana Alcofarado ( A freira de Beja)

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