O que que sabia - isso sim - era como desencantar-me de alguém, o que
não era bem a mesma coisa. Podemos levar anos a guardar um amor, a
conserva-lo, a alimenta-lo e, de súbito, sem esperarmos, a vida
colocar-nos na posição de vermos esse amor noutro ângulo, que sempre lá
esteve, mas nós nunca quisemos descortinar.
Numa comparação demasiado fácil, era como guardar durante bastante tempo
uma flor que simbolizasse algo de muito importante e não dar pela
passagem dos anos sobre ela e, sobretudo, também sobre nós. Um dia,
sabe-se lá porquê, é necessário abrir a caixa e a flor está lá, mas
quase reduzida a pó. E só nesse momento é que percebemos que o que
guardáramos já não existia. Invade-nos, então, um misto de tristeza e de
alívio, com o qual iremos fazer o resto do nosso percurso. E,
eventualmente até, rescrever o passado e dar um novo valor ao presente.
Disso, felizmente para mim, eu podia falar, porque fora uma utilíssima
aprendizagem, que, no fundo, me tornara mais realista, mas me não
azedara, porque fora resultado de uma escolha minha. Ao invés, quando
alguém desiste de nós, não sendo nossa a escolha, deve doer bastante
mais. Curiosamente, a minha amiga acabou por me dizer que, de modo
indirecto, eu lhe havia respondido à pergunta!!
Helena Sacadura Cabral
Quase que podiam ser palavras minhas...
Deve ser das Helenas...
HEsteves
Sem comentários:
Enviar um comentário