sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Desistir...

"Uma amiga perguntava-me, há dias, o que fazer quando alguém desistia de nós. Conhecendo o seu pragmatismo, a questão surpreendeu-me. Disse-lhe que sabia pouco - cada vez menos - da alma humana e portanto nada lhe podia adiantar. Com efeito, nunca desistira de ninguém, bem pelo contrário, o que talvez também não fosse de recomendar...
O que que sabia - isso sim - era como desencantar-me de alguém, o que não era bem a mesma coisa. Podemos levar anos a guardar um amor, a conserva-lo, a alimenta-lo e, de súbito, sem esperarmos, a vida colocar-nos na posição de vermos esse amor noutro ângulo, que sempre lá esteve, mas nós nunca quisemos descortinar. 
Numa comparação demasiado fácil, era como guardar durante bastante tempo uma flor que simbolizasse algo de muito importante e não dar pela passagem dos anos sobre ela e, sobretudo, também sobre nós. Um dia, sabe-se lá porquê, é necessário abrir a caixa e a flor está lá, mas quase reduzida a pó. E só nesse momento é que percebemos que o que guardáramos já não existia. Invade-nos, então, um misto de tristeza e de alívio, com o qual iremos fazer o resto do nosso percurso. E, eventualmente até, rescrever o passado e dar um novo valor ao presente. 
Disso, felizmente para mim, eu podia falar, porque fora uma utilíssima aprendizagem, que, no fundo, me tornara mais realista, mas me não azedara, porque fora resultado de uma escolha minha. Ao invés, quando alguém desiste de nós, não sendo nossa a escolha, deve doer bastante mais. Curiosamente, a minha amiga acabou por me dizer que, de modo indirecto, eu lhe havia respondido à pergunta!!
Helena Sacadura Cabral

Quase que podiam ser palavras minhas...
Deve ser das Helenas...

HEsteves

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