sábado, 5 de abril de 2014

...Reflexão da noite...



Eles eram os melhores amigos, falavam de tudo, frequentavam a casa um do outro, lanchavam juntos, passavam tardes no sofá entretidos com a companhia um do outro, saiam à noite e chegavam a adormecer no colo um do outro…dizer que eram melhores amigos, é se calhar pouco, a relação deles ia além de uma simples e banal amizade, era primeiramente uma amizade de entendimento e amor…
No entanto e por motivos desconhecidos, para, pelo menos, um deles, a relação esfriou sem “porque sims” ou” porque nãos”, e o que de mais bonito tinham perdeu-se nas “brumas” de uma das últimas conversas sérias, chegando mesmo a “chover” do céu que se abre todas as manhãs e se fecha todas as noites… porém e mesmo que distantes há brilhos que se mantêm, que se cruzam e que se tocam na mais escura das penumbras.
Ele era músico e ela a sua primeira e verdadeira fã… depois de afastados, ela continuou a ir aos seus concertos… a portar-se como sempre, a ouvir cada nota e a decifrar cada silêncio… A música continuava a fazer-lhe o corpo dançar… apenas o seu coração tinha sido transformado, arrumado, acomodado… Certo dia, numa circunstância imprevista, porque é nestas que as pessoas importantes da nossa vida sempre estão, ela ajudou-o e ele reconheceu… e por saudades ou, quiçá, por agradecimento, acompanhou-a até casa, perguntando-lhe:
- “Porque continuas a ir aos meus concertos?”
Ela sorriu, e não deixou de achar pertinente a pergunta dele. Teria a sua presença algum peso, num local, onde está mais uma “mão cheia” de gente?  Mexera-lhe no interior?
Mesmo que questionasse estas seriam respostas que não teria. Amena respondeu-lhe:
-“Porque haveria de não ir? Há muito que aprendi, que não se deve deixar de ir onde se gosta por estar lá alguém…pensei que soubesses isso…”
A conversa morreu por ali, entre tantas outras que se cruzaram e outras que se saborearam…
Hoje, ela foi a mais um dos seus concertos… e pela “não sei quantas vezes” porque já lhe perdeu a conta, acaba desiludida… quando ele se cala para fazer ouvir o público parece tapar os ouvidos para “aniquilar” o som da voz que tantas vezes tomou de calmante e segurança…
Porém, apesar de desiludida ela continua firme e com a certeza que irá continuar a ir aos seus concertos, pois sabe que apesar de ele não a querer ouvir, ele canta pior quando não a vê… além de que, só ela o ouve como mais ninguém…

A todos os artistas…

Vale a pena pensar nisto…

HEsteves

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